segunda-feira, 7 de julho de 2014

A Agricultura Sustentável

A Agricultura Sustentável 

  • Você alguma vez já comeu cenoura, beterraba ou tomates cultivados numa horta doméstica? Percebeu que elas tinham gosto de “cenoura”, de “beterraba” e de “tomate”?!? 
Esta pergunta pode parecer estranha a primeira vista, mas só quem já experimentou tais produtos, cultivados com adubos orgânicos e sem o uso de pesticidas, sabe do que estou falando… os produtos “comuns” nos supermercados brasileiros parecem isopor, quando não possuem acentuado gosto de hormônios e pesticidas!
  • Os produtos orgânicos são muito comuns na Dinamarca: podem ser encontrados com facilidade em qualquer supermercado. Em Dinamarquês, são chamados de økologisk (ou ecológicos). Nos supermercados maiores e mais sofisticados, há prateleiras inteiras, nos diversos setores, só com orgânicos. Na Alemanha, existem supermercados específicos que só vendem produtos orgânicos!!!
O valor dos produtos orgânicos é geralmente um pouco maior, mas numa sociedade de alto poder aquisitivo e consciente, prefere-se pagar um pouco mais e ter a garantia de produtos que na sua cadeia produtiva seguem os seguintes princípios:
  • O solo é considerado uma organismo vivo e deve ser revolvido o mínimo possível;
  • Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade;
  • Controle com medidas preventivas e produtos naturais;
  • O mato (ervas daninhas) faz parte do sistema. Pode ser usado como cobertura de solo e abrigo de insetos;
  • O controle de ervas daninhas é preventivo: manual e mecânico (roçadas);
  • Teor de nitrato na planta é baixo;
  • Os efeitos no meio ambientes são positivos: preservação do solo e das fontes de água.
A engenharia agronômica, ou simplesmente agronomia, é uma profissão com capacidade de realizar análise científica, de identificar e resolver problemas, preocupar-se com atualização permanente de conhecimentos e de tomar decisões com a finalidade de operar, modificar e criar sistemas agropecuários e agro-industriais sempre se preocupando com os aspectos sociais e de sustentabilidade.
  • O conteúdo profissional essencial, é composto de matérias destinadas a caracterização da identidade profissional Agropecuária. Além disso, o profissional conta com matérias de conteúdos profissionais específicos.
A engenharia agronômica possui grande conhecimento de biologia vegetal, química, bioquímica, solos, interação entre a planta e o solo, manejo de plantas e animais, zoonoses, controle de pragas agrícolas e urbanas, além de noções gerais de Engenharia Agrícola, Florestal, Zootecnia e demais áreas correlatas.
  • Agronomia ou engenharia agronômica é, dentro das ciências agrárias, um campo multidisciplinar que inclui sub-áreas aplicadas das ciências naturais (biológicas), exatas, sociais e econômicas que trabalham em conjunto visando aumentar compreensão da agricultura e melhorar a prática agrícola, por meios de técnicas e tecnologias, em favor de uma otimização da produção, do ponto de vista econômico, técnico, social e ambiental.
No Brasil a profissão de agronomia é regulamentada pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e fiscalizada pelos Conselhos Regionais, instalados em cada estado.

Área de atuação:
  • A engenharia agrônoma produz pesquisas e desenvolvem as técnicas que melhoram os resultados da agricultura como, por exemplo, manejo de irrigação, quantidade ótima de fertilizantes, maximização da produção em termos de quantidade, melhoria da qualidade do produto, seleção de variedades resistentes à seca, doenças e pragas, desenvolvimento de novos agrotóxicos, modelos de simulação de crescimento de colheita, técnicas de cultura de células in vitro. 
Elas estudam também a transformação de produtos primários em produtos finais de consumo como por exemplo a produção, preservação e embalagem de produtos lácteos e a prevenção e correção de efeitos adversos ao ambiente (e g., degradação do solo e da água), ou seja, estuda a interação do complexo homem, planta, animais, solo, clima, causa e efeito.
  • As pesquisas agronômicas, mais que as de outros campos, estão fortemente relacionadas ao local em que são realizadas. Fato semelhante ocorre com as técnicas derivadas dessas pesquisas.
Assim, esse campo pode ser considerado uma ciência de eco-regiões porque está ligado a características locais de solo e clima que nunca são exatamente iguais nos diferentes lugares geográficos. 
  • Os sistemas agrícolas de produção devem levar em conta características como clima, local, solo e variedades de plantas e animais de produção que precisam ser estudados a nível local. Outros sentem que é necessário entender os sistemas de produção de uma forma generalizada de maneira que o conhecimento obtido possa ser aplicado ao maior número de locais possíveis.
Os engenheiros Agrônomos atuam de forma eclética e integrada nas atividades rurais, como horticultura, zootecnia, engenharia rural, economia, sociologia e antropologia rurais, ecologia agrícola, etc.

Agricultura sustentável

A Química:
  • A Química realizou descobertas ao longo dos anos que contribuíram grandemente para o aumento da produção agrícola. Um exemplo é a descoberta da síntese da amônia, que levou à produção de adubos químicos nitrogenados.
Para saber mais sobre o uso de adubos em plantações e lavouras você poderá ler o texto “Adubos Orgânicos e Inorgânicos”.Toda essa evolução química garantiu a possibilidade de produzir alimentos suficientes para toda a população do planeta. Mesmo assim, um problema que ainda persiste é a fome.
  • Isso ocorre primeiramente em razão da desigual distribuição de renda. Como você pode ver nas imagens abaixo, em determinados lugares o alimento produzido é desperdiçado, sendo jogado nos lixos; já em outros, como na África, há fome e miséria.
Esse desperdício é também consequência do tipo de transporte, armazenamento e venda. Além disso, o modelo de desenvolvimento adotado na maioria dos países, a chamada “sociedade de consumo”, leva as indústrias e fábricas a extrair o máximo de recursos do planeta para acumular riquezas e satisfazer o consumismo exagerado.
  • Os modelos agrícolas adotados, também privilegiam poucos em detrimento de muitos, e até mesmo nas áreas rurais, lugar onde se deveriam produzir alimentos, muitas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza ganhando menos de um dólar por dia.
Isso ocorre porque as políticas nacionais e internacionais privilegiam um modelo agrícola com alta especialização, menor diversidade e maior uso de produtos químicos. Dá-se preferência ao cultivo extensivo de monoculturas, com uso excessivo de fertilizantes e agrotóxicos que acabam por poluir o solo, as águas e provocar graves alterações no ecossistema e na saúde da população. No texto “Poluição das águas por rejeitos da agricultura” traz mais detalhes sobre como ocorre esse tipo de poluição.
  • Além disso, a monocultura traz outro problema, muitas vezes é necessário realizar queimadas nas plantações, o que emite grandes quantidades de gases estufa.
Esses dois problemas: pobreza e degradação ambiental, foram temas centrais da Rio +20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Esse evento buscou contribuir para uma mudança nessa forma de modelo até então estabelecida, substituindo-o por um modelo de desenvolvimento sustentável, no qual se atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações também satisfazerem suas necessidades.
  • Pensando no aspecto da agricultura e alimentação, no próprio evento os cardápios foram elaborados de modo a contemplar os princípios da gastronomia inclusiva, oferecendo alimentos orgânicos e da agricultura familiar. 
Além disso, o Comitê Nacional de Organização do evento elaborou o documento “Diretrizes de Sustentabilidade para as Empresas de Alimentação”, que orienta sobre as boas práticas sustentáveis no setor.
A agricultura familiar também foi bastante difundia nesse evento. Veja um trecho do Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20:
  • “A Rio+20 tratou com particular atenção o papel da agricultura familiar, que, na maioria dos países em desenvolvimento, é responsável por grande parte da ocupação no setor rural e da produção agrícola. 
A agricultura familiar favorece o emprego de práticas produtivas mais equilibradas, como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais, o uso sustentável dos recursos genéticos e a agroecologia. 
  • A agricultura familiar pode constituir exemplo da prática do desenvolvimento sustentável quando for ambientalmente adequada, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente apropriada.” (Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20, p. 16, 2011) Um projeto bastante interessante divulgado nesse evento foi a Agricultura Urbana, que visa à produção de alimentos, a reciclagem de lixo e a promoção da educação ambiental.
Para tornar a agricultura sustentável, podem-se tomar também algumas iniciativas, tais como:
Rodízio de culturas: quando os nutrientes do solo se tornam insuficientes para certa lavoura, planta-se outra espécie e, assim, diminui-se o uso de fertilizantes;
  • Utilização de inseticidas biológicos: Podem-se usar espécies de bactérias ou insetos que combatem as pragas, sem trazer prejuízos para o meio ambiente;
  • Optar por adubos naturais.
Inclusive, o Brasil criou em 2010 o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que fornece subsídios e financiamentos para incentivar produtores rurais a tomar medidas que diminuam a emissão de gases estufa, contribuindo para minimizar o aquecimento global. Entre as iniciativas do programa estão:
  • O plantio direto na palha;
  • A recuperação de áreas degradadas;
  • A integração lavoura-pecuária-floresta;
  • O tratamento de resíduos animais.
A questão ambiental e a erradicação da pobreza precisam, porém, ir além de apenas adequar o desenvolvimento a uma nova situação do planeta. Santos e Mól, em seu livro “Química e Sociedade”, de 2005, trazem algumas políticas que precisam ser adotadas para que os interesses da manutenção da vida estejam acima dos interesses econômicos, e para que o desenvolvimento não aumente as diferenças sociais, tais como:
  • Novas políticas que eliminem práticas internacionais que prejudicam os países menos desenvolvidos;
  • Que incentivem o uso de técnicas agroecológicas;
  • Que desincentivem as práticas poluidoras;
  • Que transfira os subsídios para a agricultura ecológica;
  • Que assegurem às mulheres direitos iguais de trabalho agrícola;
  • Que incentivem novas pesquisas para a agricultura ecológica.
Tecnologia:
  • Atualmente, as ciências agrícolas são muito diferentes das de antes de 1950. A intensificação da agricultura que desde a década de 1960 vem sendo realizada por muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento é frequentemente denominada revolução verde.
Esta intensificação tem-se baseado na seleção genética de variedades de plantas e de animais capazes de alta produtividade e no uso de insumos artificiais como fertilizantes e produtos que visam aumentar a produção através do aumento da sanidade dos vegetais e animais utilizados. 
  • Por outro lado, o dano ambiental que esta intensificação da agricultura vem causando (associado ao dano que o desenvolvimento industrial e o crescimento populacional que essa intensificação permite) estão levando muitos cientistas a criar novas técnicas como o manejo integrado de doenças e de pestes, técnicas de tratamento de dejetos, técnicas de minimização de desperdício, arquitetura da paisagem.
Além disso, campos como os da biotecnologia e da ciência da computação (processamento e armazenagem de dados) estão tornando possível o progresso e o desenvolvimento de novos campos de pesquisa, como a engenharia genética e a agricultura de precisão.
  • Desta maneira, atualmente os pesquisadores que trabalham em ciências agrícolas e nas ciências a ela associadas equacionam o problema de alimentar a população do mundo ao mesmo tempo em que previnem a ocorrência de problemas de biossegurança que possam afetar a saúde humana e o ambiente. Este é o motivo pelo qual eles buscam promover um melhor manejo de recursos naturais e do respeito ao ambiente.
Os aspectos sociais, econômicos e ambientais são temas que estão em debate atualmente. Crises recentes, como a doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) e o debate sobre o uso de organismos geneticamente modificados ilustram a complexidade e importância deste debate.
Cientistas agrícolas famosos:
  • Gregor Mendel
  • Louis Pasteur
  • Norman Borlaug
  • Augusto Ruschi
  • George Washington Carver
  • Eurípedes Malavolta
  • Johanna Dobenheimer
  • Warwick Estevam Kerr
  • Flavio Moscardi
Agricultura sustentável:
  • A agricultura sustentável prossegue três objetivos principais: a conservação do meio ambiente, unidades agrícolas lucrativas, e a criação de comunidades agrícolas prósperas. 
Estes objetivos têm sido definidos de acordo com diversas filosofias, práticas e políticas, tanto sob o ponto de vista do agricultor como do consumidor. Refere-se, portanto, à capacidade que uma determinada unidade agrícola (ou, numa perspectiva global, o próprio planeta) tem de continuar a produzir, numa sucessão sem fim, com um mínimo de aquisições do exterior. 
  • As plantas cultivadas dependem dos sais minerais presentes no solo e na água, do ar e da luz do sol como recursos para produzir o seu próprio alimento, através da fotossíntese. Esse alimento (o amido, e não só) é também a base da alimentação humana. 
Quando é feita a colheita, o agricultor está a recolher aquilo que foi permitido à planta produzir com os recursos que tinha à sua disposição. Recursos esses que têm de ser repostos para que o ciclo de produção continue. 
  • Caso contrário, existe a sua exaustão e a terra torna-se estéril. Ainda que a luz do sol, o ar e a chuva estejam, praticamente, disponíveis na maior parte das localizações geográficas do planeta, os nutrientes presentes no solo são facilmente exauríveis. 
Resíduos das plantas cultivadas, o azoto fixado por bactérias que vivem em simbiose na raiz de algumas leguminosas, ou o estrume dos animais criados nas unidades agrícolas consideradas são alguns dos meios possíveis para repor os sais minerais necessários ao desenvolvimento de novas colheitas. 
  • O próprio trabalho agrícola, executado pelo ser humano, de forma autônoma ou com a ajuda da tração animal deve ser contabilizado nesta perspectiva de "reciclagem" energética, já que pode-se supor que estes podem alimentar-se exclusivamente do que é produzido na unidade agrícola. 
A aquisição de produtos ou serviços exteriores à unidade agrícola, como fertilizantes para as plantas ou combustível fóssil para máquinas reduz a sustentabilidade, já que torna a comunidade dependente de recursos não-renováveis e pode incorrer em externalidade negativa. 
  • Quanto maior for a autonomia da unidade agrícola, ao não necessitar de aquisições exteriores no sentido de manter os mesmos níveis de produção, maior será o nível de sustentabilidade.

Agricultura sustentável