A Empresa Mac'Donalds abriu na cidade do México sua primeira filial "verde" que gera sua própria Energia 24 hrs por dia e 45% da água que utiliza.
- Essas expressões surgiram como forma de incluir a preocupação com aspectos sociais, e não só ecológicos, nas atividades de consumo.
Nessas propostas, os consumidores devem incluir, em suas escolhas de compra, um compromisso ético, uma consciência e uma responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar nos ecossistemas e sobre outros grupos sociais, na maior parte das vezes geográfica e temporalmente distantes.
- A cadeia do comércio ético e solidário envolve desde os grupos produtores até chegar ao público consumidor, no momento da compra do produto em determinado ponto de venda. A proposta é considerada ética e solidária se todos os elos da cadeia estiverem atuando em conformidade com os princípios acordados e previamente estabelecidos, tendo, cada integrante, direitos e obrigações fundamentais.
De acordo com Pistelli e Zerbine (2003), a primeira consideração que se costuma fazer quando se trata de comércio ético e solidário refere-se às garantias do produtor: preço justo, relação comercial duradoura e pré-financiamento da produção.
- Com relação ao consumo responsável, a atenção é voltada diretamente à outra ponta da cadeia comercial – o consumidor – que, apoiado também em princípios de comércio ético e solidário, reivindica seu direito à informação sobre o produto que pretende consumir, sobre sua origem e seu processo, sobre a distribuição do valor pago, entre outros aspectos.
Consumo responsável é a capacidade de cada pessoa ou instituição, pública ou privada, escolher e/ou produzir serviços e produtos que contribuam, de forma ética e de fato, para a melhoria de vida de cada um, da sociedade e do ambiente. (Instituto Kairos).
- Segundo Zerbini, Barciotte e Pistelli (2003 ) há uma convergência muito nítida entre o “consumo responsável” e suas raízes nos movimentos ambiental e dos consumidores, e o movimento do comércio ético e solidário. As premissas são as mesmas: horizonte na justiça social e na sustentabilidade e o poder político adquirido pelos indivíduos, seja consumidores, cidadãos ou pequenos produtores.
É importante lembrar que algumas premissas devem estar envolvidas nessas questões. Por um lado, o consumo responsável se veria extremamente limitado em sua capacidade de concretização no dia a dia, caso não houvesse um movimento com vistas a garantir relações comerciais mais justas e sustentáveis em toda a cadeia.
- E o comércio ético e solidário, por outro lado, também não se concretizaria se não houvesse um público consumidor suficientemente conscientizado, quer do ponto de vista ambiental, quer do político e social, que percebesse a importância do ato contido na compra de um produto procedente dessa cadeia.
Nessa conjuntura é que a educação para o consumo responsável começa a ter maior significado dentro das propostas de ampliação do movimento de comércio ético e solidário. O consumidor, como um dos elos da cadeia e que assume a outra ponta da relação, pode representar um ator significativo, até impulsionador, desde que seja conscientizado para tal.
- O comércio ético e solidário representa, atualmente, uma das principais ferramentas de intervenção por parte do consumidor responsável que, ao perceber o modelo de comércio tradicional como uma das causas e também como reflexo de muitos dos problemas, se vê predisposto a intervir por meio de suas escolhas e de suas opções de consumo.
Consumo verde:
- Consumo verde é aquele em que o consumidor, além de buscar melhor qualidade e preço, inclui em seu poder de escolha a variável ambiental, dando preferência a produtos e serviços que não agridem o meio ambiente, tanto na produção quanto na distribuição, no consumo e no descarte final (MMA/MEC/Idec, 2005).
A estratégia do consumo verde tem alguns benefícios importantes, como o fato de os cidadãos comuns sentirem, na prática, que podem ajudar a reduzir os problemas ambientais e se sentirem parte de um grupo crescente de pessoas preocupadas com o impacto ambiental de suas escolhas. No entanto a estratégia de consumo verde tem algumas limitações.
- A primeira delas é que os consumidores são estimulados a trocar uma determinada marca por outra, para que os produtores percebam que suas escolhas mudaram. Portanto, a possibilidade de escolha acabou se resumindo às diferentes marcas e não entre consumismo e não-consumismo.
Muitas empresas passaram a focar o poder de compra de pessoas com alto poder aquisitivo interessadas em um estilo de vida de baixo impacto ambiental, percebendo-as como um novo nicho de mercado. Dessa maneira, a necessidade de redução e modificação dos padrões de consumo foi substituída pelo simples “esverdeamento” dos produtos e serviços.
- Outra limitação é que o consumo verde atacaria somente uma parte do problema – a tecnologia –, enfatizando o desenvolvimento de produtos verdes para uma parcela da sociedade, enquanto os pobres ficam com produtos inferiores e com um nível de consumo abaixo da satisfação de suas necessidades básicas.
Segundo Acselrad (1999), o tema da desigualdade no acesso aos bens ambientais desapareceu completamente dos debates e propostas de consumo verde.
É esse um dos pontos cruciais para que o consumismo infantil
não crie adultos financeiramente desequilibrados
Consumo sustentável:
- Essa proposta tem o objetivo de ser mais ampla que as anteriores, pois, além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis.
O consumo sustentável é uma meta a ser atingida, mais do que uma estratégia de ação a ser implementada pelos consumidores. A preocupação se transfere da tecnologia dos produtos e serviços e do comportamento individual para os níveis de consumo desiguais.
- É preciso considerar que o meio ambiente não está relacionado apenas a uma questão de como os recursos são usados (padrões), mas também a uma preocupação com o quanto são utilizados (níveis), tornando-se uma questão de acesso, distribuição e justiça social e ambiental.
Para o caso da área de transportes, na estratégia de consumo verde haveria mudanças tecnológicas para que os carros se tornassem mais eficientes (gastando menos combustível) e menos poluentes, e mudanças comportamentais dos consumidores, que considerariam essas informações na hora da compra de um automóvel.
- Na estratégia do consumo sustentável, haveria também investimentos em políticas públicas visando a melhoria dos transportes coletivos, o incentivo aos consumidores para que utilizem esses transportes e o desestímulo para que não utilizem o transporte individual.
A ideia de um consumo sustentável, portanto, não se limita a mudanças comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanças tecnológicas de produtos e serviços para atender a este novo nicho de mercado.
- Apesar disso, não deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porém priorizando suas ações, individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas. Neste sentido, é necessário envolver o processo de formulação e implementação de políticas públicas e o fortalecimento dos movimentos sociais (MMA/MEC/Idec, 2005, p.20).
O que se conclui é que é mais importante o impacto social e ambiental da distribuição desigual do acesso aos recursos naturais do que o próprio impacto ambiental do consumo: tanto o “subconsumo” quanto o “superconsumo” causam degradação social e ambiental.
- Contudo, a estratégia de consumo sustentável baseada exclusivamente na redução do consumo nos países do hemisfério norte não garante que haverá uma melhor redistribuição dos recursos. Nesse sentido, as políticas de consumo sustentável devem contribuir para eliminar as desigualdades de poder na determinação dos mecanismos de comércio internacional entre os países (Acselrad, op. cit.).
De acordo com Portilho (op. cit.), é possível identificar algumas características essenciais que devem fazer parte de qualquer estratégia de consumo sustentável: ser parte de um estilo de vida sustentável em uma sociedade sustentável; contribuir para nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivíduo e sociedade; requerer justiça no acesso ao capital natural, econômico e social para as presentes e futuras gerações; o consumo material deve tornar-se cada vez menos importante em relação a outros componentes da felicidade e da qualidade de vida; deve acarretar um processo de aprendizagem, criatividade e adaptação.
Um novo papel para o consumo
- A maioria das pessoas nos países industrializados ainda continua numa rota de consumo ascendente e muitas outras, nos países em desenvolvimento, permanecem atoladas na pobreza.
A fim de promover um novo papel para o consumo, qualquer visão terá que incluir respostas a quatro quesitos-chave: se a classe de consumidor global estará tendo uma qualidade de vida melhor em função dos seus níveis crescentes de consumo; se as sociedades poderão perseguir o consumo de forma equilibrada, especialmente harmonizando o consumo ao ambiente natural; se as sociedades poderão reformular as opções do consumo para uma escolha genuína; e se as sociedades poderão priorizar o atendimento às necessidades básicas de todos. De modo geral, é preciso responder a questão de se os consumidores estarão se beneficiando da cultura global de consumo.
- Os indivíduos podem ser importantes julgadores dessa questão, quando consideram os custos pessoais associados a altos níveis de consumo: dívida financeira, tempo e estresse relacionado ao trabalho para sustentar esse consumo e tempo necessário para manter as posses.
Após as considerações expostas é razoável afirmar que as relações entre meio ambiente e desenvolvimento estão diretamente relacionadas aos padrões de produção e consumo de uma determinada sociedade.
- Mas em vez de limitar-se a mudanças tecnológicas de produtos e serviços e transferir a responsabilidade exclusivamente para os consumidores individuais, o debate sobre os padrões e níveis de consumo precisa ser ampliado para incluir o processo de formulação e implementação de políticas públicas, com a criação de um espaço de uniões entre diferentes setores da sociedade.
Os padrões de produção devem ser modificados, de um lado, por meio da substituição de matérias-primas e matrizes energéticas e, de outro, combatendo o desperdício, a obsolescência planejada dos produtos e sua descartabilidade.
- Além disso, os padrões de consumo, segundo o discurso ecológico original, devem ser drasticamente reduzidos, estabelecendo-se não apenas um piso, mas também um teto de consumo, especialmente referindo-se ao consumo ostentatório das sociedades afluentes existentes tanto nos países de primeiro quanto nos de terceiro mundo.
A construção de padrões e níveis de consumo mais sustentáveis envolve a construção de relações mais solidárias entre diversos setores sociais, como produtores, comerciantes e consumidores. Iniciativas de apoio a formas alternativas de produção (agricultura familiar e orgânica, reservas extrativistas, cooperativas de produtores, economia solidária etc.) precisam ter o apoio de ampla identificação e participação dos consumidores.
- Desse modo, a procura por formas alternativas e solidárias na esfera da produção, articulando experiências bem-sucedidas em “mercados limpos e justos”, deve se aliar aos movimentos de consumidores, organizados na articulação de mecanismos que fortaleçam seus direitos e seus anseios.
A chegada do terceiro milênio é um momento especial para a humanidade. O homem, principal ator da degradação ambiental, sofre as consequências do desrespeito ao meio ambiente em todas as esferas de sua vida. A mudança de postura no relacionamento com o meio ambiente é imprescindível para que haja uma transformação.
- Da relação de interdependência existente entre os atos de produção e de consumo e a proteção do meio ambiente, surge a necessidade de discutir cada vez mais o tema consumo sustentável.
Consumo Responsável e Comércio Ético e Solidário