sábado, 22 de fevereiro de 2014

Morfina - Farmaco

Em 10 anos, triplicou o número de bebês nascidos nos EUA com sintomas de dependência de opiáceos, como heroína e analgésicos 

  • A cada hora, nasce um bebê, nos Estados Unidos, com sintomas de dependência de opiáceos, segundo um estudo publicado na revista científica da American Medical Association. Entre 1999 e 2009, triplicou o número de recém-nascidos com síndrome de abstinência no país, devido a um grande aumento na incidência de grávidas viciadas em substâncias legais e ilegais derivadas do ópio. 
Segundo os autores do estudo, (realizado em 2012) baseado em dados de mais de 4 mil hospitais, grande parte do problema é o vício em remédios para dor, entre eles oxicodona e codeína. Só em 2009, 13,5 mil bebês teriam nascido no país com síndrome de abstinência neonatal.

Vício:
  • Logo após o nascimento, a bebê Savannah Dannelley teve de ficar internada na unidade neonatal de um hospital em Illinois, ligada a máquinas que monitoravam sua respiração e batimentos cardíacos. 
Ela chorava muito, tinha diarreia e dificuldade de se alimentar, problemas típicos em bebês com abstinência. Alguns também têm problemas respiratórios, baixo peso e convulsões. Sua mãe, Aileen, de 25 anos, parou de tomar analgésicos no início na gravidez, substituindo os remédios por metadona sob supervisão médica. Agora, tanto ela como a bebê passam por um tratamento para combater o vício. 
“É muito duro, todo dia, emocionalmente e fisicamente”, disse Aileen Dannelley à agência Associated Press.
A morfina é um fármaco narcótico de alto poder analgésico usado para aliviar dores severas. Pertencente ao grupo dos opioides, foi isolado pela primeira vez em 1804 por Friedrich Sertürner, que começou a distribuir a droga em 1817. A morfina passou a ser comercializada em 1827 pela Merck, que à época era uma pequena empresa química. A nome da substância tem origem no deus grego dos sonhos, Morfeu (em grego: Μορφεύς) . 
  • Com a invenção da agulha hipodérmica em 1857, o uso da morfina generalizou-se para o tratamento da dor. Foi utilizada na Guerra Civil Americana, resultando em 400 mil soldados com síndrome de dependência devido ao seu uso impróprio.A heroína, cujo nome científico é diacetilmorfina, foi derivada da morfina em 1874.
Usos clínicos:
  • Dor crônica: é a primeira escolha no tratamento da dor cronica pós-operativa, no cancro e outras situações. Tem vindo a ser substituída como primeira escolha pelo fentanil. 
  • Dor aguda forte: em trauma, dor de cabeça (cefaleia), ou no parto. Não se devem usar nas cólicas biliares (lítiase biliar ou pedra na vesícula) porque provocam espasmos que podem aumentar ainda mais a dor. Não é primeira escolha na dor inflamatória (são usados AINEs). 
  • Na anestesia geral como adjuvante a gás anestésico principal.
Mecanismo de ação:
  • Os opioides são agonistas dos receptores opioides. Estes existem em neurônios de algumas zonas do cérebro, medula espinal e nos sistemas neuronais do intestino.Os receptores opioides são importantes na regulação normal da sensação da dor. 
A sua modulação é feita pelos opioides endógenos (fisiológicos), como as endorfinas e as encefalinas, que são neurotransmissores.Existem quatro tipos de receptores opioides: mu, delta, sigma e kappa. Os receptores mu são os mais significativos na ação analgésica, mas os delta e kappa partilham de algumas funções. Cada tipo de receptores é ligeiramente diferente do outro, e apesar de alguns opioides ativarem todos de forma indiscriminada, alguns já foram desenvolvidos que ativam apenas um subtipo.
  • Os opioides endógenos são péptidos (pequenas proteínas). Os fármacos opioides usados em terapia apesar de não serem proteínas têm conformações semelhantes em solução às dos opioides endógenos, ativando os receptores em substituição destes.
Propriedades químicas:
  • Esta substância foi e é produzida em laboratórios, é usada para aliviar dores. Seu uso foi mais difundido a partir de 1853, com a invenção da seringa. É uma droga perigosa, pois pode causar dependência, por de seus sintomas colaterais citando, por exemplo, a euforia, e bem estar. 
Também serviu para o tratamento alcoolismo e consumo de ópio, verificando-se mais tarde, que não existia efeito para estes tipos de tratamentos, e sendo altamente perigosos por levar uma nova dependência por esta droga, que poderia ocorrer com os que a utilizavam.Na guerra Civil Americana, quatrocentos mil soldados, voltaram para suas casas com síndromes de dependência a Morfina, resultado de uso impróprio. 
  • A morfina pode deixar o usuário dependente tanto psicológica quanto fisicamente. Como qualquer droga, os usuários precisam de doses cada vez maiores para poder chegar ao ápice. A fórmula estrutural da morfina, nos mostra que ela é um composto orgânico do grupo dos alcaloides. Esse é um subgrupo das aminas caracterizado pela presença de um anel heterocíclico contendo nitrogênio (em azul na imagem abaixo). 
Os alcaloides são compostos encontrados em folhas, raízes ou cascas, portanto, a morfina também é de origem vegetal. A sua descoberta se deu graças ao estudo do ópio, que é extraído de uma das plantas mais antigas empregadas pelo homem, a flor da papoula (Papaver somniferum). O ópio e substâncias de caráter básico, como a morfina, são extraídos de uma seiva que escorre quando essa flor é cortada. O ópio é conhecido desde a época dos sumérios há 4000 anos a.C., sendo usado principalmente como analgésico. 
  • Em 1804, Armand Séquin conseguiu isolar o principal componente do ópio, que recebeu o nome de morfina (nome derivado do deus grego do sono, Morpheu), pois ela podia ser usada como medicamento para induzir o sono. No entanto, o seu uso principal passou a ser para aliviar dores intensas. Em 1853, a morfina já era o mais poderoso e potente analgésico do mundo. 
A partir da morfina, identificaram-se potentes analgésicos centrais representados pela classe das 4-fenilpiperidinas, que podem ser usados com maior segurança, uma vez que os alcaloides, em geral, agem profundamente em nosso organismo, causando dependência física e psíquica. Por isso, o uso inadequado da morfina pode fazer com que a pessoa se torne dependente, levando-a até mesmo à morte. 
  • Desse modo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso desse medicamento somente em casos específicos, como no alívio de dores de certos tumores centrais em pacientes com câncer terminal. Seu uso só é permitido com prescrição e acompanhamento médico.
    No ópio, são encontrados também outros alcaloides, como a codeína, que também é depressora da parte central do sistema nervoso, e a papaverina, que é relaxante do músculo liso.

    Administração:
    • Via oral, subcutânea, intramuscular ou intravenosa. Epidural, transdêrmica, intranasal são menos usadas. É frequente ser dado ao paciente o controlo de uma bomba, ativada por um botão, que injeta opióide de acordo com o seu desejo. Existe geralmente um mecanismo que previne a injeção de doses elevadas (que podem provocar danos graves), mas na grande maioria dos casos o controle pelo doente reduz a ansiedade e as doses acabam até por ser mais baixas. 
    Nos doentes com dores não existe efeito eufórico, mas há efeito sedativo, portanto o paciente limita-se a carregar no botão quando sente dores, mas de forma a evitar o efeito de sonolência
    • Metabolizada no figado. Efeito de 4 a 6 horas após administração. 
    • Ultrapassa a barreira hemato-encefálica e a placenta. Não deve ser usada na gravidez. 
    • Efeitos clinicamente úteis 
    • Analgesia central com supressão da dor. 
    • Sedação na anestesia. 
    • A morfina é um fármaco que alivia dores extremas. 
    O uso da morfina também pode levar o usuário ao coma, com perda de consciência, fraca oxigenação no sangue, queda da pressão arterial, que se não for socorrido rapidamente pode levar a morte.
    • A morfina pode deixar o usuário dependente tanto psicológica quanto fisicamente e como qualquer droga, os usuários precisam de doses cada vez maiores para poder chegar ao ápice. A falta do uso da droga causa a síndrome da abstinência, onde o usuário começa a sentir, com náuseas e vômitos, diarréia, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, calafrios, cãibras musculares, tremores, ansiedade, hipersensibilidade a dor. Podem surgir também dores abdominais, lombalgia, dores no tórax e nos membros inferiores, que podem durar de 8 a 12 dias. 
    Por ser uma droga não muito fácil de ser encontrada no submundo das drogas no Brasil, a dependência química ocorre mais com os médicos que tem um acesso fácil a droga.

    Curiosidade:
    • Em alguns hospitais do mundo, pode ser dado ao paciente um controle injetor de morfina, que ativada por meio de um botão, a injeta de acordo com sua vontade. 
    Normalmente, nestes casos existe um mecanismo de defesa ao paciente, que previne a injeção de doses elevadas, evitando-se assim de provocar sérios danos à saúde do mesmo, sendo que na grande maioria dos casos que o paciente detém o controle de injeção da mesma, existe uma redução à ansiedade dos mesmos e as doses acabam até por serem mais baixas do que se fossem ministradas pelos médicos em horas pré-determinadas.
    • Nos pacientes, que tem fortes dores, a euforia é muito rara ocorrer, mas há, o efeito sedativo sendo assim, o paciente limita-se a injetar a droga pressionando o botão somente quando sente dores, para poder evitar o efeito de sonolência decorrente. Em 1874 a substância entorpecente de nome heroína, foi desenvolvida a partir da morfina.
    Efeitos adversos:
    Comuns:
    • Euforia pode conduzir à dependência. 
    • Sedação 
    • Miose: constrição da pupila do olho 
    • Depressão respiratória: em overdose constitui a principal causa de morte. Há alguma diminuição da respiração mesmo em doses terapêuticas. 
    • Supressão da tosse: pode ser perigosa se houver infecções pulmonares. 
    • Rigidez muscular. 
    • Vasodilatação com calores na pele. 
    • Prurido cutâneo. 
    • Ansiedade, alucinações, pesadelos. 
    • Vômitos por ativação da zona postrema medular centro emético neuronal.
    Incomuns: 
    • Libertação de hormona prolactina com possível ginecomastia (crescimento das mamas) nos homens e galactorreia (secreção de leite) nas mulheres. 
    • Prolongamento do parto. 
    • Redução da função renal.
    Efeitos tóxicos:
    • Os narcóticos sendo usados através de injeções dentro das veias, ou em doses maiores por via oral, podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. A pessoa perde a consciência, fica de cor meio azulada porque a respiração muito fraca quase não mais oxigena o sangue e apressão arterial cai a ponto de o sangue não mais circular direito: é o estado de coma que se não for atendido pode levar à morte. Literalmente centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo ano na Europa e Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. 
    Além disso, como muitas vezes este uso é feito por injeção, com freqüência os dependentes acabam também por pegar infecções como hepatite e mesmo AIDS. No Brasil, uma destas drogas tem sido utilizada com alguma freqüência por injeção venosa: é propoxifeno (principalmente o Algafan ®). Acontece que esta substância é muito irritante para as veias, que se inflamam e chegam a ficar obstruídas. Existem vários casos de pessoas com sérios problemas de circulação nos braços por causa disto. Há mesmo descrição de amputação deste membro devido ao uso crônico de Algafan® .
    • Outro problema com estas drogas é a facilidade com que elas levam à dependência, ficando as mesmas como o centro da vida das vítimas. E quando estes dependentes, por qualquer motivo, param de tomar a droga, ocorre um violento e doloroso processo de abstinência, com náuseas e vômitos, diarreia , câimbras musculares, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, etc, que pode durar até 8-12 dias. 
    Além do mais o organismo humano se torna tolerante a todas estas drogas narcóticas. Ou seja, como o dependente destas não mais consegue se equilibrar sem sentir os seus efeitos ele precisa tomar cada vez doses maiores, se enredando cada vez mais em dificuldades, pois para adquiri-las é preciso cada vez mais dinheiro.

    Contraindicações: 
    • Hipertensão craniana como na meningite. 
    • Gravidez 
    • Insuficiência renal. 
    • Insuficiência hepática 
    • Juntamente com outros depressores do SNC, como álcool, benzodiazepinas e barbitúricos. Nem com antipsicóticos ou antidepressivos. 
    • Pacientes alérgicos a substâncias providas da papoila
    Enquanto droga de abuso:
    • É mais frequente ser utilizada o seu derivado, a heroína. Apresenta duas características que a torna droga de abuso particularmente perigosa: produz euforia e bem estar, mas a sua ação necessita de doses cada vez maiores para se manter ao mesmo nível - fenômeno de tolerância medicamentosa. 
    Produz dependência física (universal) e psicológica (subjectiva). A dependência física surge 6-10 horas depois da última dose e caracteriza-se por síndrome do "peru molhado", definido por tremores, ereção dos pelos ("pele de galinha"), suores abundantes, lacrimejamento, rinorreia, respiração rápida, temperatura elevada, ansiedade, anorexia, dores musculares, hostilidade, vômitos e diarreia. Um sinal importante é a miose (constrição da pupila do olho). Estes sinais só desaparecem com a administração de um opioide, geralmente de forma instantânea, e são máximos após 2-3 dias, depois do qual desaparecem gradualmente até ao quinto dia. O sofrimento do toxicodependente é considerável. 

    Cientistas afirmam ter descoberto uma maneira de anular os efeitos de dependência dessas substâncias, amplamente usado para aliviar a dor.