segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Psilocibina - Substância Alucinógena

Dois estudos independentes sobre os efeitos da psilocibina, o ingrediente ativo dos cogumelos mágicos ou ingrediente alucinógeno mostrou que suprime a atividade em áreas do cérebro que também atacam outros tratamentos antidepressivos.

  • Psilocibina é um enteógeno que ganhou popularidade na década de 1960, estando seu consumo culturalmente associado ao movimento hippie, junto com o LSD. Não foi tão popular quanto o mesmo apesar de produzir efeitos similares, porém, distintos.
Está presente em cogumelos alucinógenos usados na medicina tradicional asteca-nahuatl da Meso-América. Os astecas o chamavam genericamente de teonanácatl ou carne dos deuses, os mazatecos o denominam ntsi-si-tho onde ntsi é um diminutivo carinhoso e o restante da palavra poderia ser traduzido como "aquele que brota".A elevada frequência de provas arqueológicas, na forma de estatuetas de cogumelos, encontrados na Guatemala evidenciam seu uso da cultura Maia.
  • O paradigma contemporâneo da redescoberta terapêutica de diversas substâncias psicoativas, em particular daquelas denominadas alucinógenas ou psicodélicas, muitas das quais se apresentam banidas, ilícitas, em vários países de acordo com os órgãos de regulamentação de medicamentos e substâncias, merece bastante atenção devido às tendências atuais de mudanças globais em relação às políticas públicas sobre drogas, bem como das mudanças de percepção dessas substâncias frente à prática médica. 
Os alucinógenos tais como a psilocibina (presentes nos cogumelos do gênero Psilocybe), a dimetiltriptamina (DMT, presente nos preparados vegetais Ayahuasca, Yopo e Jurema), o LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico) e a mescalina (presente nos cactos Peyote e San Pedro, respectivamente gêneros Lophophora e Trichocereus) são alguns exemplos dessa classe de psicoativos, estudados há longa data, atualmente aplicados experimentalmente como ferramentas psicoterapêuticas. 
  • A prática humana de promover estados alterados, incomuns ou ampliados de consciência induzidos por substâncias psicoativas é bastante antiga, pré-data a história escrita e é atualmente empregada em várias culturas em diversos contextos O socioculturais e ritualísticos (1-7). Existem diversas substâncias psicodélicas presentes na biodiversidade nacional (7-9), até então não exploradas e pouco conhecidas, tanto por falta de incentivo à pesquisa, quanto pela situação legal ao qual se encontram vinculadas frente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
Com o crescente interesse da ciência internacional sobre as propriedades terapêuticas dessas substâncias, bem como do interesse nacional em caracterizar os benefícios e malefícios da ayahuasca, visto a atual expansão e popularização do seu consumo ritual, nos empreendemos em revisar os principais desdobramentos atuais do recente ressurgimento da pesquisa psicodélica. Apresentamos no presente texto os desenvolvimentos científicos acerca da exploração de substâncias alucinógenas ou psicodélicas como ferramentas terapêuticas, enfatizando a aplicação de duas dessas substâncias em particular, a psilocibina e a DMT. 
  • Tornam-se importantes a divulgação desses estudos e da necessidade de estabelecimento de protocolos de pesquisas para o nosso país, bem como da caracterização conceitual que apontam um novo paradigma na saúde para essas substâncias. Embora o Brasil viva atualmente um fenômeno ímpar, caracterizado pela aprovação de um último documento responsável por regular e assegurar legalmente o uso religioso de uma substância psicodélica particular, a ayahuasca, poderosa beberagem alucinógena originária da Amazônia rica em DMT, o conhecimento acerca das propriedades e potencialidades biomédicas dessa e de outras substâncias são ainda bastante desconhecidas em nosso país.
Efeitos Mentais Agudos e Crônicos:
  • Em primeira vista, devemos clarificar os conceitos que envolvem a classificação das substâncias psicoativas que serão aqui tratadas, de modo a tornar claro o atual entendimento do que tais substâncias são, bem como compreender seus efeitos de ação e apontar as potencialidades terapêuticas. Amplamente conhecidas como alucinógenas, outras terminologias foram elaboradas como tentativas de abranger os diversos aspectos da experiência provocada por essas substâncias.
Entre alguns dos efeitos agudos descritos na literatura estão as alterações de pensamento com mudanças na percepção de tempo, de cores, de luminosidade e de realidade; alterações da memória, emergência de conteúdos e da criatividade imaginativa; déficits de atenção e focalização da atenção, atenção incomum em pequenos detalhes ou grandes conceitos; mudanças no significado de conceitos e palavras ou significância das experiências; letargia e dificuldades no auto-controle; sensações corporais incomuns, alternâncias entre sensações de frio e calor; estado de embriaguez; aumento de introspecção; alucinações visuais de olhos fechados, enredos, estórias, encontros com entidades, padrões coloridos ou mandalas, prazerosos ou terrificantes; sinestesia (mistura dos sentidos sensoriais, por exemplo, sentir o cheiro de uma cor); euforia e felicidade; regressão, vivências físicas e psicológicas de traumas, eventos da biografia em geral; amplificação dos sentidos, principalmente visuais, auditivos e táteis; experiência de qualidade noética; experiências transpessoais; náuseas e vômitos; dificuldade de concentração; dificuldade de comunicação; e, paranoia, medo e pânico. Importante dispor que esses efeitos são dependentes da dosagem, da experiência do participante em consumir tais substâncias, do estado psicológico no momento do uso ou da preparação prévia à experiência (set) e também dos aspectos ambientais e contexto de uso (setting).
  • Para se entender os diversos termos utilizados para descrever a experiência mental que tais substâncias provocam, torna-se necessário a descrição desses efeitos que são tomados como base para a elaboração da terminologia aplicada às mesmas. Fisiologicamente atuam primariamente sobre o sistema serotonérgico, como agonistas, amplificando a ação da serotonina na fenda sináptica e promovendo alterações qualitativas e quantitativas do funcionamento cerebral.
Dentre os efeitos agudos descritos, semelhantes para essas substâncias, pode-se citar a modulação do estado de consciência ordinário em um estado incomum, lúcido, de duração entre 4 e 12 horas, a depender do tipo de substância, sendo a duração dos efeitos para DMT de 30 minutos (intravenoso) até quatro horas (ingestão), psilocibina até seis horas e, LSD e mescalina com duração dos efeitos até doze horas. A modificação da consciência é acompanhada por uma série de alterações qualitativas dose-dependentes, descritas ao longo do tempo com base em auto-experimentações e relatos de participantes em pesquisas.
  • Efeitos pós-uso também são observados com o uso dessas substâncias. Dentre os mais divulgados e raros se encontram as complicações atualmente denominadas psicose persistente alucinógeno-induzida e distúrbio persistente de percepção alucinogênica, ambos apresentando persistência de aspectos agudos específicos da experiência por longos períodos de tempo. O primeiro desses distúrbios apresenta um componente afetivo com mudanças de humor, repentinos, variando de mania a depressão profunda, pensamentos religiosos, distúrbios visuais vívidos, e alucinações não típicas na esquizofrenia (isto é, ausência de alucinações auditivas de conversação, comentários ou vozes de comando). A incidência desse transtorno relacionado ao uso do LSD foi de 0,8/1000 .
Efeitos positivos do uso de alucinógenos sobre o comportamento das pessoas foram identificados ao longo dos anos de pesquisa. Descobertos e estudados primeiramente como substâncias promissoras na investigação da esquizofrenia e psicoses em geral até meados do século XX, posteriormente postuladas como substancias úteis na psicoterapia nas décadas de 60 e 70, foram proibidas e banidas da pesquisa científica, consideradas como substâncias sem qualquer valor terapêutico. Recentemente, novos protocolos experimentais tem sido aprovados por instituições governamentais reguladoras, principalmente nos EUA, Suíça e Espanha, recriando um campo de pesquisa praticamente extinto precocemente devido às imposições legais postuladas para tais substâncias, reacendendo o debate nos âmbitos político e da saúde e restabelecendo o valor terapêutico outrora apontado.
  • O segundo deles, melhor caracterizado, anteriormente conhecido como “flashbacks”, constitui de uma recorrência espontânea de um ou mais sintomas sensoriais, cognitivos ou emocionais da experiência alucinógena. Os sintomas normal-mente consistem de distúrbios visuais de pseudo-alucinações com padrões visuais geométricos e percepção de falsos movimentos, acompanhados ou não de ansiedade. A incidência desse distúrbio em usuários de LSD com menos de dez exposições à substância foi de 12%, mas se tornam menos freqüentes em condições controladas, como em protocolos de pesquisa ou em clínicas. De acordo com a literatura, a ocorrência de distúrbios persistentes de percepção alucinogênica ocorre por mecanismos não estabelecidos, e mais comuns para o psicodélico sintético LSD, não sendo descritas ocorrências com o uso de DMT, psilocibina e mescalina. A possibilidade de ocorrência também pode aumentar no caso de abuso de substancias e predisposição a psicopatologias.
Alucinógeno, enteógeno, psicodélico: 
  • O termo alucinógeno normalmente utilizado para estas substâncias diferencia-se do modo estrito de seu significado com o qual é utilizado normalmente. A alucinação é um fenômeno referente a um senso de percepção sem a base existencial do objeto da percepção, isto é, a percepção real (para quem percebe) de um objeto inexistente acontece sem a necessidade de um estímulo externo. 
Para tais substâncias o sentido do termo alucinógeno é deslocado pela psicofarmacologia como uma definição de qualquer tipo de agente capaz de causar alterações na percepção, cognição e humor, na presença de um sentido sensorial claro (consciência lúcida). Tal classificação é utilizada para aquelas substâncias de três maiores grupos químicos, indolealquilaminas (DMT, N,N-dimetiltriptamina, e psilocibina), ergo-linas (LSD, dietilamida do ácido lisérgico) e fenetilaminas (mescalina), também conhecidas como alucinógenos verdadeiros. Dessa forma, o sentido de alucinação como efeito principal provocado por essas substâncias é reconhecidamente limitado para descrever a inteireza e complexidades dos efeitos diversos que exerce sobre a percepção, cognição e emoção .
  • Vastamente utilizado, principalmente no campo médico, o termo alucinógeno ainda foi superado por dois termos alternativos, psicodélico e enteógeno. O primeiro desses termos alternativos, psicodélico, foi cunhado pelo psiquiatra Humphrey Osmond, em conjunto com o escritor Aldous Huxley, quando esse último se submeteu à experiência com a mescalina, cujas descrições dos efeitos dessa substância originaram o fantástico livro “As portas da percepção”. O termo surgiu em um período de pesquisa dessas substâncias, cuja função das mesmas na ciência surtia como uma ferramenta capaz de promover ou “imitar” psicoses temporariamente. Ou seja, substâncias como a mescalina e o LSD, denominadas também de psicotomiméticas (que mimetizam psicoses), eram estudadas como ferramentas auxiliares na com-preensão de patologias mentais tais como a esquizofrenia. 
A resolução dos efeitos das substâncias psicoativas em questão se encontrava limitada aos termos alucinógeno e psicotomimético, restringindo a complexa natureza de efeitos psicológicos que provocavam a uma gama de aspectos estritamente patológicos. A observação de diversos efeitos positivos permitiu a criação do termo psicodélico, aquele que manifesta a mente (ou o espírito), ampliando o entendimento de ação dessas substâncias para algo que vai além de aspectos psicopatológicos, englobando, em verdade tais aspectos a esse novo conceito. O termo foi depreciado e desgastado ao longo dos anos 60-70 devido às associações feitas com os movimentos culturais da época e à rápida popularização e abuso dessas substâncias nesse período (em particular do LSD). Entretanto, o termo tem retornado ao uso no campo, novamente como uma resposta às limitações terminológicas concomitantemente utilizadas.
  • O segundo termo alternativo, enteógeno, é utilizado principalmente quando as substâncias psicodélicas são estudadas considerando o ponto de vista religioso, ritual ou xamânico, isto é, voltado para as características espirituais e rituais, contextos originais e primários de uso dessas substâncias. O termo cunhado por Ruck et al. (1979) desloca o foco dos efeitos dos psicodélicos realizados sob um paradigma médico-psiquiátrico para aqueles de importância místico-espiritual, religioso. O conceito é entendido como uma substância capaz de manifestar a divindade interior, ou simplesmente permitir o contato com a espiritualidade, ou manifestação de um senso divino interno. Esse termo em questão releva a importância que deve ser dada aos aspectos rituais que constituem a base contemporânea do consumo dessas substâncias de um modo seguro, socialmente aceitável, e desloca os problemas relacionados à saúde orgânica e psicológica a um âmbito espiritual ou psicos-somático.
A importância do aspecto religioso e ou/ sagrado do uso ritual de substâncias psicodélicas parece crucial para a observação das potencialidades terapêuticas dessas substâncias. Ademais, estudos acerca do papel da religiosidade apontam para a evidência de que elevados níveis de religiosidade individual funcionam como preditores de proteção do abuso de substâncias, bem como de bem-estar psicológico e social.
  • A ascensão de um novo termo utilizado na pesquisa tem sido verificada, entretanto seu uso ainda se encontra em difusão no campo. O termo psicointegrador surge como uma necessidade de integrar as diversas características dos efeitos dos psicodélicos (espirituais, afetivas, cognitivas, psicotomiméticas e psicoterapêutica) sob a perspectiva neurológica e neuro fenomenológica. Visa estabelecer a capacidade do estado psicodélico em promover a emergência de conteúdos inconscientes para o campo da consciência, podendo ser reintegrados ao Self com nova reconfiguração, podendo promover transformações no sistema de conceitos e no comportamento. 
A importância terapêutica dessas substâncias reside dessa maneira na capacidade de permitir com que os conteúdos da biografia pessoal e os sistemas simbólicos que regem o funcionamento comportamental sejam re-experienciados durante o estado de consciência alterado, identificadas às incoerências do ponto de vista individual, e assim reintegradas como um novo sistema simbólico de referência. Proposições de aplicações terapêuticas afins com a perspectiva psicointegradora foram aplicadas no passado e são atualmente aplicadas no presente.
  • A psilocibina (O-fosforil-4-hidróxi-N,N-dimetiltriptamina) é um alcaloide do grupo indólico e o principal componente psicoativo encontra-se nos cogumelos do gênero Psilocybe, de onde vem o seu nome. Sua estrutura molecular é análoga à serotonina especialmente se hidrolisada (desfosforilação) em psilocina (4-hidróxi-N,N-dimetiltriptamina)

Molécula de psilocibina 
(O-fosforil-4-hidróxi-N,N-dimetiltriptamina) 

Investigações  com psilobiscina:
  • Os efeitos induzidos pelo consumo de cogumelos do gênero Psilocybe devem-se à presença do princípio ativo psilocibina. Diversos estudos recentes com a psilocibina foram realizados até o momento, caracterizando as bases neuro-biológicas associados aos efeitos proporcionados pela substância.
Estudos clínicos conduzidos com a psilocibina demonstraram a ocorrência de uma pequena elevação da pressão sanguínea e da temperatura do corpo. Esses dados se assemelham com aqueles encontrados com a substância psicodélica Ayahuasca ou a DMT. Entretanto, diferentemente com o que acontece com essas últimas substâncias, a psilocibina não causou alterações significativas nos níveis plasmáticos de hormônios como cortisol, prolactina e ACTH (adrenocorticotrofina), nem foram observadas alterações significantes em parâmetros do hemograma como colesterol, fosfatase alcalina, colinesterase e aspartatamino-transferase.
  • Em estudos mais recentes, Harsler et al. (2004) mensuraram efeitos agudos psicológicos e fisiológicos após a administração de psilocibina em humanos, utilizando-se de quatro dosagens (muito baixa, baixa, média e forte). Os objetivos eram explorar as relações potenciais dose-dependente da administração de psilocibina em humanos, cruzando diversos parâmetros neuropsicológicos e fisiológicos, bem como estimar a segurança e possíveis riscos associados com o uso dessa substância. Foi observado que a psilocibina não promoveu, independentemente da dose, quaisquer alterações significantes no eletrocardiograma. Alterações da pressão sanguínea são significantes somente na dosagem forte, onde atingem um máximo de 150/90mmHg, semelhantemente ao que acontece com a DMT presente na Ayahuasca.
Um estudo clínico-epidemiológico curioso envolvendo a psilocibina foi conduzido na Universidade de Harvard. Neste a psilocibina não foi administrada, mas iniciou-se uma larga pesquisa de localização de indivíduos acometidos por enxaquecas que utilizaram psilocibina ou LSD, em doses sub-alucinogênicas ou não, para o tratamento dessas. Dados importantes foram encontrados quando se observou que a eficácia dessas substâncias psicodélicas era maior do que as atuais formas de tratamento de enxaquecas. Por exemplo, indivíduos que utilizaram psilocibina para abortar ataques de enxaqueca obtiveram 85% (n=26) de eficiência, 54% (n=46) relataram eficiência quando utilizado como método profilático e 91% (n=22) afirmaram que a psilocibina prolongou os intervalos entre os ataques de enxaqueca. Os achados exploratórios tornam-se importantes, pois até então não existe um tipo de tratamento com as eficiências relatadas no estudo. 
  • Entre os componentes farmacológicos mais eficientes atualmente utilizados para o tratamento de enxaquecas são derivados da triptamina, que apresentam uma correlação com a classe química da psilocibina. É sugerido que os mecanismos da enxaqueca estejam relacionados com o sistema serotonérgico, e por isso, a psilocibina poderá ser uma substância base para o desenvolvimento de fármacos especializados e mais eficientes no controle dessa patologia. A sistematização de um estudo para comprovar esses efeitos deverá esclarecer melhor essa propriedade .
A psilocibina também foi utilizada no trata-mento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O estudo recente de Moreno et al. (2006) buscou observar a segurança, tolerabilidade e eficácia da psilocibina no tratamento de pacientes com TOC, no qual a administração de psilocibina se mostrou segura e bem tolerada nos voluntários, sendo observada uma redução significante dos sintomas agudos do TOC demonstrado pela Escala Obsessiva Compulsiva de YaleBrown (YBOCS). Os autores sugerem que a ingestão de psilocibina e substâncias similares podem facilitar os sujeitos a experienciarem um estado de consciência que podem levá-los ao desenvolvimento de poderosos insights e à resolução de profundas questões existenciais e espirituais-bases para o comporta-mento apresentado no TOC.
  • Outra aplicação da psilocibina recente é o uso em pacientes terminais de câncer. A exploração principal foi o tratamento da ansiedade existencial, desespero e isolamento, normalmente presentes nos pacientes de câncer terminal. A fase terminal do câncer é acompanhada além dos aspectos acima citados, de elevados níveis de dor que exigem o uso de medicações constantes como o uso da morfina, nem sempre eficiente. 
O estudo realizado nos EUA pela Harbor-UCLA Medical Center encontrou que os sujeitos submetidos à ação da psilocibina apresentaram melhoras do humor e regulação da ansiedade, bem como diminuindo a percepção de dor e a necessidade de medicação para o tratamento da dor . A exposição dos pacientes à experiência mental que a psilocibina promove permite com que os pacientes se confrontem com diversos conteúdos e símbolos carregados afetivamente, com o medo da morte e sua inevitabilidade, a aceitação da morte, promovendo ganhos psicológicos quanto a questões pessoais não resolvidas e aliviando o sofrimento. A psilocibina é apontada como uma substância de elevada importância no tratamento adjunto de doenças terminais.

Origem:
  • Os fungos superiores dos gêneros "Psilocybe", "Panaeolus" e "Conocybe" perfazem uma série de mais de 180 espécies, são utilizados pelo menos 3000 anos na cultura dos povos do México Asteca-Náhuatl possuindo características comuns à utilização xamânica, ainda mais antiga, do cogumelo Amanita muscaria nas populações siberianas. Esse último além da muscarina, cujos efeitos parassimpaticomiméticos ou colinérgicos (atua feito a acetilcolina) são bem conhecidos, possuem substancias peptídicas (neuropeptídeos) ainda não bem conhecidas próximas do ácido ibotênico (muscimol) associadas ao seu efeito psicodisléptico.
Entre os Basídiomicetos (classe de fungos com estrutura características para dispersão de esporos) encontram-se várias espécies com Psilocibina os mais conhecidos e utilizados pelas populações americanas fazem parte dos gêneros: Psilocybe, Panaeolus e Conocybe, atualmente reunidos na ordem Stropharia e família Agaricaceae, sua maioria, principalmente o conhecido Golden top (Stropharia cubensis) quando classificado como um gênero em vez da ordem Strophariaceae tem como habitat: solo argiloso, pastos abertos com crescimento associado à incorporação ao solo de esterco bovino. 
  • Entre os cogumelos de pasto um dos mais comuns na América do Sul e Central é o golden top mais recentemente classificado como Psilocybe cubensis por integrar ao gênero Psilocybe. Distinções se fazem por altitude, regiões geográficas e afinidade por água. O Psilocybe zapotecorum, cresce nos charcos e lugares alagados por isso são chamados de apipiltzin (filhos das águas) por sua relação com o Deus das Chuvas (Tlaloc).Considerando-se a presença de Psilocibina e Psilocina além dos citados anteriormente, existem centenas de espécies do gêneros entre estes: Inocybe, Copelandia, Gymnopoulos, Pluteus e outros. 
O gênero Psilocybe está presente em todos os continentes, mas nem todos possuem substancias psicotrópicas. Entre as espécies mais utilizadas das quase 130 espécies do gênero Psilocybe incluem-se: P. mexicana, P. caerulescans,P. semperviva, P. mazatecorum, P. zapotecorum, P. Aztecorum.

Uso étnico:
  • Semelhantes a cultos de possessão, no ritual, os deuses meninos falam através de seus ticitl (médicos feiticeiros) em nome de Jesus Cristo e Deuses da cultura nahuattl como Piltzintecuhtli ou Quetzalcóatl.
Nessa cultura, entre os nahua e toltecas/ mazatecas, tais cogumelos fazem parte de ritos de cura (consultas individuais, veladas) onde os cogumelos são representados como meninos santos, que ensinam a causa das doenças, mostram a presença de tonal (tonalli), e sofrimentos infligidos ao duplo animal ou nagual (naualli) são fórum de discussões éticas de feitiçaria e oráculos de relações interpessoais. 
  • Entre as fontes de pesquisa do conhecimento desse sistema etno-médico estão os depoimentos do os médicos – feiticeiros mais conhecidos encontram-se Maria Sabina; Don Miguel Ruyz e o mítico Don Juan “criado” pelo Carlos Castaneda. Os codex astecas descritos por Frei Bernadino de Shagún; o Codex Vibonense e relatos de proibições do Tribunal do Santo Ofício também trazem algumas informações analisadas em conjunto com estudos históricos da cultura asteca-nahualt.

Os Huichois são um povo  que na  maioria vivem nas áreas montanhosas do norte Jalisco e Nayarit em parte no norte do México central com as cidades de San Andrés, Santa Catarina e São Sebastião como grandes centros culturais,