Artemisia absinthium - Absinto - Losna
Conhecida como losna ou absinto, a "Artemisia absinthium L." apresenta substâncias poderosas que tanto podem curar como intoxicar. Conheça melhor esta planta antes de usá-la.
- Quem já provou um chá de losna conhece a principal característica desta planta: o sabor amargo. E dizem que essa característica foi até citada num provérbio de Salomão que teria declarado: "a infidelidade, ainda que possa ser excitante e doce no seu início, costuma ter um fim amargo como a losna".
Na Grécia Antiga esta planta era dedicada à Ártemis, deusa da fecundidade e da caça. Daí a origem de seu nome científico. Popularmente, a losna também é conhecida como absinto, erva-do-fel, alenjo, erva-de-santa-margarida, sintro e erva-dos-vermes. As propriedades aperitivas (estimulante do apetite), vermífugas e estomacais explicam o uso da planta no preparo do vermute e do licor de absinto, entretanto, vale lembrar que a presença de uma substância tóxica - a tuinona - pode produzir efeitos altamente perigosos. Em doses elevadas, os chás e outros preparados a partir desta planta podem provocar tremores, convulsões, tonturas e até delírios. No século XIX, registrou-se vários casos de intoxicações e até mortes provocadas pelo uso de um licor obtido pela maceração do absinto em álcool. Na maior parte das vezes, o licor de absinto era usado como alucinógeno e não com finalidades medicinais.
- A planta do absinto (Artemisia absinthium) é usada há séculos como repelente de traças, pesticida em geral, e como chá ou borrifador para repelir lesmas e caracóis. Antes da sua toxicidade ser conhecida, era utilizada em remédios para pessoas e animais.
Podes já ter ouvido falar da bebida alcoólica com o mesmo nome (absinto), a qual é verde e ilegal em muitos países. A bebida de absinto tem história na Europa ocidental e na França em particular; era usada como estimulante sobretudo por artistas, por exemplo pelo pintor Vincent van Gogh. A história conta que este estava embriagado com absinto quando cortou a orelha.
História:
O nome desta planta ocorre em muitas escrituras antigas egípcias, romanas e cristãs. É por vezes chamada de “veneno”, e outras de “erva de valor medicinal”. O seu nome latino, Artemisa absinthium, foi-lhe dado em honra de Artemis, a deusa da caça da mitologia grega.
- As intensas qualidades amargas, tônicas e estimulantes tornaram a planta do absinto não apenas um ingrediente para preparações medicinais tradicionais, mas também de vários licores, dos quais o absinto é o mais popular. A base da bebida de absinto é o absintol, um líquido extraído da planta do absinto. O licor de absinto tem também o nome de vermute – preservador da mente – devido às suas virtudes medicinais como tônico para os nervos e restaurador da mente. É cerca de duas vezes mais forte que qualquer outra bebida espirituosa (contém mais de dois terços de álcool). A erva de absinto contida na bebida dá-lhe a sua cor verde e o característico sabor amargo, e a tujona, uma erva alucinógena da mesma família dos ingredientes ativos da Cannabis. Não admira que se dissesse que a bebida levava as pessoas à loucura e que esta fosse proibida em muitos países no princípio do século. A bebida de absinto de potência inferior é normalmente adulterada com cobre, o qual produz a característica cor verde.
O licor de absinto era muito apreciado por famosos poetas e artistas como Van Gogh, Rimbaud, Baudelaire e Toulouse-Lautrec, entre outros. Ao que tudo indica, aquele destilado de ervas cor verde-esmeralda, também chamado de "fada verde", seria o responsável pelo comportamento bizarro de Van Gogh. E, recentemente, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, identificaram nas substâncias presentes nos destilados preparados com losna ou absinto, propriedades capazes de causar convulsões, alucinações, surtos psicóticos; dependendo da dosagem. Além disso, os estudos demonstraram que o uso crônico pode provocar danos neurológicos permanentes.
- A combinação entre a dosagem de álcool e as substâncias presentes nesta planta pode ser perigosa e, por essa razão, a maioria dos especialistas costuma recomendar o uso da losna ou absinto na forma de infusão (no máximo duas xícaras de chá ao dia) e evitar a extração do sumo por maceração.
Planta pertencente à família das Compostas, originária da Europa, a losna (Artemisia absinthium L.) é uma planta herbácea, perene (cultivada muitas vezes como anual), que alcança de 1 a 1,20 m. de altura. Produz folhas recortadas, de coloração verde-acinzentada e flores amarelas, bem miúdas e reunidas em pequenos cachos. Em algumas regiões do Brasil a floração da planta é difícil, principalmente em locais muito quentes ou com sol intenso; por isso, para finalidades medicinais costuma-se utilizar mais as folhas do que as flores.
- Também é muito importante lembrar que a losna ou absinto (Artemisia absinthium L.) não deve ser confundida com outra planta muito conhecida: o abrótano (Artemisia abrotanum L.) que apresenta folhas mais finas e sabor agradável.
- Vincent van Gogh, famoso por quadros como 'A Noite Estrelada' e 'A Cadeira de Van Gogh', sofria de transtornos mentais. Além disso, de tanto beber absinto, ele adquiriu uma lesão no cérebro que causava ataques epilépticos. Certa vez, devido a uma crise, decepou sua própria orelha esquerda. Alguns autores afirmam que ele poderia ter transtorno...
Propriedades Químicas:
O óleo essencial extraído, cerca de 0,5 a 1% do peso das folhas frescas, parece ser fortemente influenciado pelas condições atmosféricas. Alguns constituintes voláteis do óleo incluem: tujona, felandrena, álcool de tujil, cadinena, e azulena. O princípio amargo na planta do absinto provém da absitina e da anabsintina. A tujona também mostra uma estrutura molecular semelhante à do THC.
Efeitos:
- A planta do absinto é um estimulante psíquico. O seu efeito é narcótico, ligeiramente anestésico, dando uma sensação de paz e relaxamento. Misturada com álcool ou em doses mais altas pode causar alucinações. A planta do absinto é própria para preparar um chá, o qual tem um efeito positivo nos períodos pós-gripe ou pós-infeciosos. Também aumenta o apetite.
Uso medicinal:
- A planta do absinto também é usada para melhorar a circulação sanguínea, como estimulante cardíaco, para alívio das dores de parto nas mulheres, e como agente contra tumores e cancros. Os remédios populares usam a planta do absinto contra constipações, reumatismo, febres, icterícia, diabetes, e artrite. Para além disso, a planta do absinto é um tônico para os nervos, sobretudo para a epilepsia e a flatulência. É um bom remédio digestivo e contra a fraqueza.
Molécula da Tujona
Botânica:
As três variedades de absinto mais usadas são o absinto-comum (Artemisia vulgaris), o santonico (Artemisia maritima), e o absinto-romano (Artemisia pôntica)) – vê a imagem. Cada planta tem as suas virtudes próprias. A planta do absinto-comum é a mais potente, a do santonico a mais amarga, e a do absinto-romano – que se encontra nos jardins botânicos, enquanto que as duas primeiras são plantas bravas – tem um sabor muito aromático e pouco amargo.
- O absinto-comum cresce nas bermas das estradas e nas lixeiras, e encontra-se em grande parte da Europa e na Sibéria, tendo sido anteriormente muito cultivado devido às suas qualidades. No Reino Unido parece crescer verdadeiramente em estado selvagem perto do mar e em muitas localidades da Inglaterra e da Escócia.
- A planta do absinto-romano é a mais delicada e menos forte; o seu sabor aromático misturado com a amargura faz com que seja empregue na preparação do licor de vermute.Medicinalmente usam-se as copas frescas, e também toda a planta seca. Nicholas Culpeper, físico e farmacêutico britânico do século 17, considerava o absinto-romano “um excelente tônico para o estômago”, e “o sumo das copas frescas bom para as obstruções do fígado e do baço. Uma infusão das copas floridas ajuda a digestão. Uma tintura é boa contra as pedras e alivia a podagra”.
- A planta do santonico tem as mesmas propriedades que as outras plantas, mas é menos potente. É um tônico amargo e aromático.
- O absinto está disponível em folhas, raiz e óleo. O óleo é extraído das folhas e usado como óleo essencial em perfumes e para o tratamento de doenças da pele. Contém 60% de tujona e deve ser usado com cuidado. O álcool liberta o óleo das folhas e assim se extrai o absintol. Para fins medicinais usam-se tanto a raiz como as outras partes da planta.
A planta do absinto é membro das família das Composita e e pertence ao gênero Artemisia, um grupo que consiste de 180 espécies. Normalmente é um arbusto perene bastante grande, de caule cinzento com uma fina penugem, que cresce até metro e meio. As folhas são cinzentas. As flores amarelas crescem em pequenos grupos nas extremidades superiores dos ramos, de Julho a Setembro.
- Toda as plantas desta família têm um sabor extremamente amargo (e todas as partes das plantas podem ser usadas para fins medicinais), embora as raízes tenham um sabor um pouco mais aromático.
A losna se propaga por meio de sementes, por divisão de touceiras ou por estaquia. O solo ideal para o cultivo deve ser argilo-arenoso, fértil e profundo. Para o plantio em vasos ou jardineiras, é essencial garantir uma profundidade de 30 cm, mais ou menos. A planta é muito resistente a doenças, raramente é atacada por insetos, porém, é essencial a retirada de ervas daninhas que podem prejudicar o seu desenvolvimento. Recomenda-se cautela com a aplicação de adubos ou fertilizantes (naturais ou químicos), pois o excesso pode prejudicar o aroma da losna. A adição de composto orgânico em doses controladas favorece o cultivo.
- Se a finalidade da colheita for as folhas, deve-se retirá-las aos primeiros sinais da formação dos futuros órgãos de reprodução, para evitar a perda dos princípios ativos. Caso a finalidade seja obter as flores, a colheita deve ser realizada assim que estas começam a se formar, pois a planta permanece florida por cerca de sete dias e, após esse período, as flores se tornam muito sensíveis, desmanchando-se e caindo com facilidade. Para melhor conservação, a losna pode ser armazenada seca: coloque as folhas e flores estendidas em local ventilado, longe da exposição aos raios solares e depois guarde em caixas de madeira, de preferência.
Cultivo:
A planta do absinto pode ser facilmente cultivada a partir da semente. Espalha as sementes na superfície da terra. Quando germinarem e após a época dos orvalhos transplante-as para o ar livre. Planta os rebentos com uma distância de 1 a 2 metros uns dos outros. A planta do absinto cresce mesmo em terras pobres com sol por inteiro a sombra parcial. A monda faz-se no outono, com a exceção do abrótano (Artemisia abrotanum), o qual é cortado na primavera ou no verão. Requer sol por inteiro e terra seca bem drenada. Algumas espécies tornam-se dormentes no calor do verão e germinam novamente quando as temperaturas mais frescas retornam. Não plantes absintos perto de anis, feijões, cominho, erva-doce, ervilhas e salva. As plantas crescem até aos 2 metros de altura.
A planta
Usos e cuidados:
- Os componentes responsáveis pelo uso medicinal da losna ou absinto são: um óleo essencial (vermífugo e emenagogo), absintina (responsável pelo sabor amargo), resinas, tanino, ácidos e nitratos. Como planta digestiva e aperitiva, sua ação se dá pelo estímulo à salivação e à produção de sucos gástricos e, por essa mesma razão, não é recomendada para pessoas que apresentam problemas como úlceras e gastrite.
Usada corretamente e sem excessos, a infusão da losna pode aumentar a secreção biliar, favorecendo o funcionamento do fígado e, ingerida meia hora antes da refeição, pode agir como estimulante do apetite e auxiliar da digestão.
- Quanto aos cuidados, não é recomendável o uso por mulheres grávidas e crianças. Além disso, a maceração da planta com álcool, segundo alguns estudos já realizados, apresenta graves perigos, podendo provocar dependência, alucinações e convulsões.
Curiosidades: A palavra "vermute" tem tudo a ver com a losna: significa "warmwurz", ou seja, "raiz quente" e é o nome da losna em alemão. Já em grego, a palavra losna significaria "privado de doçura". A medicina popular desaconselha o uso da losna por mulheres em fase de amamentação, pois a planta "torna o leite amargo".
- O absinto é famoso desde tempos muito antigos, pelas suas virtudes medicinais, sendo inclusive citado num papiro egípcio que data de 1.600 a.C.
Avisos:
- A planta do absinto é venenosa. O uso intenso e prolongado pode causar habituação, declínio físico e nervosismo e cãibras. Doses altas podem causar dores de cabeça e tonturas. Doses mais altas são psicoativas e têm um efeito paralizante. Os efeitos de intoxicação devido à superdose podem causar perda da consciência, coma e morte. Após preparares o licor de absinto toma um copo pequeno e espera cerca de uma hora para testares os efeitos. Tenta novamente noutra oportunidade. É melhor doseares a menos do que a mais, para não correres o risco de te envenenares ou de adoeceres. Não conduzas veículos motorizados sob a influência do licor de absinto.
Contra-indicações:
O uso regular da planta do absinto pode tornar-se viciante. A planta contém glicósidos venenosos, e o seu óleo volátil deprime o sistema nervoso central. O uso prolongado (por mais de quatro semanas) ou o uso de doses maiores que as recomendadas pode causar náuseas, vômitos, insônias, nervosismo, termores e ataques epiléticos. O uso excessivo da planta do absinto pode causar nervosismo, estupor, convulsões, e morte. A planta do absinto é alergênica e pode causar dermatite por contacto.
- O uso curto (duas a quatro semanas) de uma chá de absinto não resultou em quaisquer relatórios de efeitos secundários significativos.
Chá de losna