terça-feira, 6 de maio de 2014

Capsaicina - Pimentas

A pimenta ajuda no emagrecimento e pode prevenir câncer. Conheça 
as melhores  pimentas para a sua alimentação.

  • Uma das principais características culturais das tribos indígenas que habitavam as terras brasileiras na época do descobrimento era o cultivo de pimentas. Após o descobrimento, as sementes e frutos de pimentas passaram a ser cada vez mais cultivados, disseminados entre vários povos e utilizadas de diversas formas (REIFSCHNEIDER, 2000).
As pimentas trazem sabores e cores especiais aos pratos e podem ser qualificada como um alimento plenamente integrado à cultura e aos costumes de diversos países do mundo, especialmente no Brasil e no México, onde são os principais ingredientes responsáveis pelas peculiaridades e qualidades gastronômicas típicas mais apreciadas (REIFSCHNEIDER, 2000).
  • O pimentão e as pimentas doces não possuem sabor picante, devido à ausência do alcalóide capsaicina, sendo estes utilizados como corantes e para consumo in natura. As pimentas, em sua maioria, possuem sabor ardido, característico, devido à presença do alcalóide capsaicina na placenta, nas sementes e, pode ser encontrada em menor grau, no pericarpo do fruto, destacando-se a pimenta-malagueta, pelo elevado teor possui sabor mais pungente (REIFSCHNEIDER, 2000).
A pungência dos frutos, sua evolução, seus atributos sensoriais, a estrutura química, suas ações fisiológicas, o aumento da aceitação e o aumento da preferência por várias populações, são de grande interesse na pesquisa e para a realização de programas de melhoramento genético (SURH; LEE; LEE, 2002). As espécies mais conhecidas são Capsicum annuum, Capsicum frutescens, Capsicum baccatum, Capsicum pubescens e Capsicum chinense.
  • O estudo das pimentas do gênero Capsicum vem de longa data, devido a características especiais observadas em populações que fazem uso destes frutos. Observações estas que não se limitaram à agronomia, pois as pimentas devem ser encaradas como alimentos especiais, e não somente como temperos de uso culinário ou como elemento botânico.
Os capsaicinóides são bem conhecidos pela sua pungência. As espécies do gênero Capsicum vêm sendo estudadas por pesquisadores do mundo inteiro e os estudos conferem à capsaicina uma atividade antihiperlipidêmica (KUDA; IWA; YANO, 2004), propriedades anti-inflamatórias (SURH; LEE; LEE, 2002), antioxidantes (SURH; LEE; LEE, 2002; GANJI, 2004), além de efeito quimiopreventivo (SURH; LEE; LEE, 2002; LEE, et al., 2005) e efetivos no tratamento de um número de desordens de fibras nervosas, incluindo dor associada com artrite, cistite e neuropatia diabética (NUEZ, 1995). As pimentas ainda contêm altas concentrações de vitamina A e C, consideradas nutrientes anticancerígenos (KUDA; IWAI; YANO, 2004).
  • Usada devidamente, pode ser bastante saudável e efetiva contra doenças físicas e mentais. Pode ser útil em casos de indigestão, prisão de ventre e tem a habilidade de modificar o perfil lipídico do sangue, especialmente o nível de colesterol. Também é utilizada para melhorar a circulação e elevar o metabolismo. Sua habilidade de aumentar o fluxo sanguíneo periférico pode ser útil em casos de enxaqueca e depressão. Além disso, aumenta a efetividade de sistema imunológico, fortalecendo o corpo contra invasores infecciosos.
Surh (2002) concluiu que a capsaicina é efetiva para dor de cabeça, coceira e dor na síndrome pós-mastectomia. Também é eficaz em casos de mucosite oral, alergia cutânea, dor no pescoço e tumor de pele.
  • As pimentas, principalmente as mais pungentes, são usadas como condimentos (DUARTE et al., 2004), na forma de conservas caseiras e industrializadas, extratos concentrados denominados óleo resinas (MÍNGUEZ-MOSQUEIRA; HORNERO-MÉNDEZ, 1993; WEISSENBERG et al., 1997.; REIFSCHNEIDER, 2000), em pó (MÍNGUEZ-MOSQUEIRA; HORNERO-MÉNDEZ, 1993; REIFSCHNEIDER, 2000) corantes (WEISSENBERG et al., 1997; CAREAGA et al., 2003; WAGNER, 2003), composição de medicamentos (MATERSKA, et al., 2003; WAGNER, 2003; DUARTE et al., 2004) ou ainda como flavorizante (WEISSENBERG, et al. 1997; DOYMAZ; PALA, 2002). São empregados também como produto da indústria bélica, na confecção de “pepper spray” e “pepper foam” fabricados a partir da oleoresina (REIFSCHNEIDER, 2000; WAGNER, 2003).
O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre as pimentas do gênero Capsicum citando as mais conhecidas e consumidas, produtos desenvolvidos a base de pimenta, bem como efeitos benéficos da capsaicina.

Aspectos Evolutivos:
  • No período de 1502 a 1600, as rotas de navegação permitiram que as pimentas viajassem o mundo, especialmente do Brasil á Portugal e à África. Alguns relatos de exploradores do Brasil Colônia demonstraram que a pimenta fazia parte da dieta das populações indígenas brasileiras, e que os nativos faziam uso dos frutos como moeda de troca por ferramentas (REIFSCHEIDER, 2000).
No Brasil é possível realizar a produção de várias espécies de pimenta em todas as regiões geográficas. Apesar do cultivo ainda ser feito de maneira rústica, em uma área de aproximadamente 12 mil hectares, produz em média 40 mil toneladas e é o mercado que movimenta em torno de 80 milhões de reais por ano, incluindo o consumo interno e as exportações (REIFSCHEIDER, 2000). O Rio Grande do Sul é um dos cinco Estados maiores produtores, ao lado de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Ceará, sendo que, o município de Turuçu- RS apresenta atualmente uma produção de uma tonelada de pimenta seca e moída anualmente, dessa forma a cidade é considerada a Capital Nacional da Pimenta Vermelha.
  • No mercado mundial, a Índia se destaca em relação a produção, produzindo anualmente 4000 ton/ano, em segundo lugar vem a China com a produção de 2980 ton/ano, enquanto Coréia do sul produz 1758 ton/ano e o México produz 1700 ton/ano. Em relação a exportação a Índia exporta 25% da pimenta produzida, a China exporta 24%, a Espanha exporta 17% e o México 8%. Quanto a importação, Emirados Árabes, União Européia, Sri Lanka, Malásia, Japão e Coréia são os maiores importadores de pimenta do gênero Capsicum (NETO, 2006).
O Brasil exporta muito pouco de suas pimentas e pimentões frescos (in natura). As regiões Centro-Oeste e Sudeste abastecem parte do mercado argentino nos meses de inverno. O mercado para as pimentas no Brasil sempre foi considerado como secundário em relação às hortaliças, provavelmente devido ao baixo consumo e ao pequeno volume comercializado. Este cenário está modificando-se rapidamente pela exploração de novos tipos de pimentas e o desenvolvimento de novos produtos, com grande valor agregado, como conservas ornamentais, geléias especiais e outras formas processadas (HENZ, 2006).
  • O lançamento de novos produtos a base de pimentas deve ser acompanhado de esclarecimentos aos consumidores, divulgação de suas propriedades medicinais, desfazendo mitos de que pimenta faz mal à saúde, ressaltando-se as características diferenciais em relação aos produtos tradicionais, tanto para as formas processadas como para novas cultivares e tipos para consumo fresco (HENZ, 2006).
Benefícios:
Efeitos do Consumo de Pimentas sobre o Sistema Cardiovascular
  • As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em países em desenvolvimento e são responsáveis por um terço de todas as mortes na América Latina. Continuam sendo a maior causa de morte no Brasil. O conjunto de doenças denominado doenças do coração engloba a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e doença coronária (LOTUFO, 1998).
O risco de doenças cardiovasculares está relacionado aos níveis plasmáticos de colesterol total, LDL-colesterol e triglicerídios, havendo uma relação inversa entre as concentrações de HDL-colesterol, ou seja, o risco diminui à medida que o os valores de HDL aumentam (BAYNES; DOMINICZAK, 2000). Pesquisas indicam que LDL-colesterol elevado é a maior causa de risco de doenças cardiovasculares e que a diminuição de seus níveis reduz o risco (BAYNES; DOMINICZAK, 2000).
  • Ensaios com ratos alimentados com dieta hiperlipídica e, posteriormente, adicionadas pequenas quantidades de pimenta vermelha (Capsicum annuum) ou capsaicina, apresentam efeito hipocolesterolêmico e hipotrigliceridêmico (KUDA; IWAI; YANO, 2004). Do mesmo modo, estudos demonstraram que a suplementação de capsaicina em dieta hiperlipídica de animais reduz o risco de desenvolvimento de aterosclerose através da redução do colesterol sanguíneo e da concentração sérica de triglicerídios (KOUL; KAPIL, 1993).
A diidrocapsaicina apresenta efeito semelhante: mesmo com uma dieta rica em gordura, os animais que receberam o capsaicinóide tiveram as concentrações séricas de triglicerídeo e colesterol reduzidas (NEGULESCO, 1999). Quando a capsaicina e a diidrocapsaicina foram usadas para tratar perus alimentados com uma dieta rica em colesterol, ambas diminuíram os níveis de LDL-colesterol e aumentaram os de HDL-colesterol em relação ao controle (NEGULESCO, 1999).
  • O efeito da oleoresina de Capsicum em uma dieta hipercolesterolêmica foi observado em cobaias, sendo que houve redução do colesterol e triglicerídios séricos de 70% a 66%, enquanto no fígado houve redução de 70,9% a 68,7%, respectivamente. Além disso, preveniu o acúmulo de colesterol e triglicerídios no fígado e na aorta, e aumentou a excreção fecal de gorduras (KUDA; IWAI; YANO, 2004).
Foram testados os níveis de triglicerídios e ácidos graxos livres em animais que receberam doses de capsaicina após terem ingerido azeite de oliva. Ambos os níveis diminuíram após a administração de capsaicina. A elevação na concentração de ácidos graxos livres sérica foi inibida duas ou quatro horas após o tratamento, mas não após oito horas, sugerindo que a capsaicina pode causar inibição na absorção de lipídios no trato gastrointestinal (SAITO, 1999).
  • Este capsaicinóide parece interferir também na contratilidade das artérias coronárias, tendo um efeito direto de relaxamento nos músculos lisos (SAITO, 1999). O uso de adesivos contendo capsaicina pode melhorar o limiar isquêmico em pacientes com doença coronária isquêmica, provavelmente através de vasodilatação arterial (FRAGASSO, 2004).
Potencial Antioxidante das Pimentas:
  • Radical livre é definido como qualquer átomo, molécula ou fragmento de molécula contendo um ou mais elétrons desemparelhados nas suas camadas de valência. A peroxidação dos lipídios das membranas celulares é apenas um exemplo de lesão biológica que pode ser promovida pelos radicais livres, uma vez que praticamente todas as biomoléculas são suscetíveis à oxidação (HALLIWELL, 1999).
Há uma importante correlação entre a formação dos radicais livres com a maior parte das doenças crônico-degenerativas, doenças auto-imunes, infecciosas e inflamatórias. Entre as que sofrem ação dos radicais livres podemos citar a aterosclerose, a degeneração macular e o câncer (OLSZEWER, 2000).
  • Os radicais livres são instáveis e são interceptados pela ação de agentes antioxidantes (OLSZEWER, 2000). Sabe-se que as pimentas, juntamente com os pimentões, têm altos teores vitamínicos (LINGUANOTTO, 2004). São fontes de excelentes antioxidantes naturais: a vitamina C, os carotenóides, a vitamina E e as vitaminas do complexo B (REIFSCHNEIDER, 2000).
Pesquisadores conduziram um estudo para verificar a atividade antioxidante dos frutos de pimenta, conforme o seu estado de maturidade e observaram que há uma diferença na atividade antioxidante entre os frutos verdes e os maduros, sendo que os frutos maduros apresentam maior atividade antioxidante (PERUCKA; OLESZEK, 2000).
  • A cor dos frutos das pimentas é bastante variada, começando geralmente com verde, amarelo ou branco na fruta não madura, e se tornando vermelho, marrom ou quase preto em frutas maduras (LONG-SOLIS, 1998). A cor de cada variedade no estado de maturação depende da capacidade dos frutos de sintetizar carotenóides e até mesmo de reter pigmentos de clorofila. Quanto maior o grau de maturação da pimenta, maior será o conteúdo de capsaicina, dessa forma o conteúdo de capsaicina nos frutos não está relacionado com a cor dos frutos e sim o grau de maturação (LONG-SOLIS, 1998).
Os flavonóides em maior conteúdo encontrados nas pimentas são a quercitina e a luteolina, que estão presentes em formas conjugadas. Luteolina tem maior atividade antioxidante seguida pela capsaicina e pela quercitina (LEE, et al., 2005). Os flavonóides são pigmentos naturais presentes em vegetais e que protegem o organismo do dano produzido por agentes oxidantes, como os raios ultravioleta, poluição ambiental, substâncias químicas presentes nos alimentos, etc. O organismo humano não pode produzir estas substâncias químicas protetoras, por isso devem ser obtidas mediante alimentação ou em forma de suplemento (TOPUZ; OZDEMIR, 2004).

Propriedades Antimutagênica e Anticâncer das Pimentas:
  • Sob circunstâncias normais, a produção de novos tipos celulares é bastante regulada, e o número de qualquer tipo particular de células permanece constante. Ocasionalmente as células que surgem não conseguem mais responder aos mecanismos de controle do crescimento normal, dando origem aos clones de células que podem se expandir a um tamanho considerável, produzindo um tumor ou um neoplasma (GOLSBY, 2002).
Diz-se tratar de benigno um tumor que não é capaz de crescimento indefinido e não é capaz de invadir extensivamente os tecidos adjacentes saudáveis. É maligno quando continua a crescer e se torna progressivamente invasivo; estes exibem metástases. Os agentes que causam mutação podem ser químicos (reagentes alquilantes do DNA) ou físicos (luz ultravioleta e radiação ionizante). Embora várias respostas imunes possam ser geradas para as células tumorais, estas respostas freqüentemente não são suficientes para prevenir o crescimento tumoral. Um enfoque do tratamento do câncer é o aumento ou suplemento destes mecanismos de defesa naturais (GOLSBY, 2002).
  • Uma vez que a mutação é um dos mecanismos pelo qual o câncer é causado, uma substância antimutagênica provavelmente poderá prevenir a carcinogênese. Pesquisas extensivas nos últimos anos revelaram que o consumo regular de frutas e verduras pode reduzir o risco de adquirir específicos tipos de câncer (GOLSBY, 2002).
Um estudo realizado na Cidade do México analisando o efeito de extrato de pimenta na mutagenicidade de amostras de ar da cidade, revelou que o extrato foi capaz de modular a atividade mutagênica das amostras, e que a clorofila e o betacaroteno encontrados no extrato mostraram efeito antimutagênico contra compostos nitro-aromático (KOUL; KAPIL, 1993).
  • Sugere-se que a capsaicina possui propriedades antimutagênicas e anticarcinogênicas através da inibição de enzimas que poderiam iniciar a mutação de células ou através da inibição de metabólitos carcinogênico, como, por exemplo, o NNK [4-(methylnitrosamino)-1-(3-pyridyl)-1-butanone] do tabaco (MODLY, 1986). A ação protetora desta molécula também parece ser eficaz contra efeitos maléficos de carcinógenos presentes no tabaco (nitrosamina) e no cigarro (benzopireno) (SUHR; LEE; LEE, 2002).
Porém, um estudo epidemiológico realizado na Cidade do México durante os anos de 1980 e 1990 avaliou a relação entre o consumo de pimenta e o risco de câncer gástrico. Os resultados deste estudo sugerem que os consumidores deste fruto tiveram maior propensão de ter câncer gástrico do que os não consumidores, salientando que este risco aumentado está intimamente relacionado à quantidade de pimenta consumida (KOUL; KAPIL, 1993).
  • Já um estudo de caso-controle realizado na Itália, mostrou que o consumo de capsaicina pode, na verdade, diminuir o risco de desenvolver câncer gástrico. O alto risco de câncer gástrico encontrou-se relacionado especialmente ao uso do sal, enquanto que o baixo risco estava relacionado ao consumo de temperos, azeite de oliva e alho (BAYNES; DOMINICZAK, 2000).
Um estudo verificou a propriedade antimutagênica da pimenta Capsicum annuum através do SMART (Somatic Mutation and Recombination Test). Os resultados mostraram que a pimenta foi efetiva em reduzir eventos mutacionais induzidos por agentes pró-mutagênicos. Os autores sugerem que a supressão da ativação ou interação metabólica com os grupos ativos de mutagênicos pode ser o mecanismo através do qual os temperos exercem sua ação antimutagênica (ELLISON, 1997).
  • No que diz respeito à formação de tumor, a capsaicina melhorou a carcinogênese de pele em animais, quando dado simultaneamente com um promotor de tumor (SURH; LEE; LEE, 2002). Surh (2002) em um trabalho de revisão, sugere que a capsaicina faz as células tumorais cometerem suicídio.
Alguns fitoquímicos derivados de frutas e vegetais são agentes quimiopreventivos, como, por exemplo, a capsaicina (das pimentas), o resveratrol (do vinho), o licopeno (do tomate), a alicina (do alho), o eugenol (do cravo) e a genisteína (da soja). Estes agentes apresentam grande valor terapêutico não somente na prevenção, como também têm sido usados como adjuvantes nas terapias, pois dados revelam que podem reverter a quimioresitência e radioresistência em pacientes em tratamento de câncer (DORAI; AGGARWAL, 2004).
  • Um estudo de Basha (1991) verificou se o uso prolongado de capsaicina é seguro para pacientes em tratamento de bexiga. Após cinco anos de administração desta substância foi feita a biópsia das bexigas dos pacientes e o resultado é promissor, pois nenhuma mudança de ordem negativa ocorreu (BASHA; WHITERHOUSE, 1991). Essa ausência de atividade genotóxica e citotóxica da capsaicina também foram confirmadas em outros estudos (BASHA; WHITERHOUSE, 1991).
A Ação Analgésica dos Frutos Capsicum:
  • A capsaicina parece ser uma grande promessa no que diz respeito à analgesia. Mesmo utilizada há séculos como remédio para dor, existem cada vez mais estudos com a finalidade de verificar a sua ação analgésica em diferentes patologias. Enquanto cresce o número de pesquisas, a capsaicina deixa de ser uma promessa, para se tornar uma realidade no tratamento da dor (FUSCO; GIACOVAZZO, 1997).
Trabalhos realizados com a capsaicina são de longa data. Investigações prévias mostraram que este capsaicinóide inativa neurônios sensoriais dos gânglios da raiz dorsal da medula espinhal e dos nervos terminais, encarregados de transmitir a dor. Com isso, estimularam o uso desta substância como ferramenta de estudo dos mecanismos da transmissão da dor e como analgésico para o tratamento de doenças como artrite reumatóide (DEAL, 1991; BERNSTEIN, 1987), na síndrome pós-mastectomia (DINI, 1993) e neuropatia diabética (FUSCO; GIACOVAZZO, 1997).
  • A eficácia e a tolerância do uso de um adesivo contendo Capsicum em uma dor nas costas não específica, foram investigadas em um estudo com 320 pacientes, onde metade recebeu o adesivo e metade recebeu placebo. A superioridade do tratamento deste tipo de dor com o adesivo de Capsicum comparado ao placebo foi clinicamente relevante para dor nas costas (BERNSTEIN, 1987).
Os maiores atrativos do tratamento tópico com a capsaicina são a segurança e a simplicidade. Porém, apesar da segurança do uso de capsaicina, algumas pessoas podem sofrer de uma dermatite de contato que resulta da manipulação de pimentas que contêm esta molécula. O tratamento é necessário, pois, a dermatite causa dor persistente (BERNSTEIN, 1987).

Osteoartrite e Artrite Reumatóide:
  • As doenças reumáticas, que afetam em torno de 3% a 8% da população como um todo, são entidades mórbidas em que predominam a dor e a impotência funcional em algum setor do aparelho locomotor (MOREIRA; CARVALHO, 2001).
A osteoartrite é um processo degenerativo, no qual se pode ter perda da cartilagem, com formação óssea nas bordas e no tecido subcondral (OLSZEWER, 2000). Não resulta de uma causa única, mas de um conjunto de causas onde podem participar a idade, a hereditariedade, fatores endócrinos e metabólicos, trauma e inflamação (MOREIRA; CARVALHO, 2001).
  • O principal motivo que leva o paciente a procurar um médico é a dor, especialmente quando esta piora com o movimento. Outros sinais da doença incluem: sensibilidade à mobilização, atrofia da musculatura articular com perda da função da articulação, rigidez após longos períodos de repouso, mau alinhamento articular e defeitos posturais, alterações da morfologia articular e sinais discretos de inflamação articular (MOREIRA; CARVALHO, 2001; OLSZEWER, 2000).
A artrite reumatóide é uma doença sistêmica do tecido conjuntivo, cujas alterações predominantes ocorrem em nível das estruturas articulares, periarticulares e tendinosas. Os sintomas iniciais podem ser articulares ou sistêmicos, como fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculares esqueléticas. A artrite reumatóide também afeta os sistemas cardiovascular e respiratório comprometendo assim a qualidade de vida dos pacientes, sendo uma doença extremamente dolorosa (MOREIRA; CARVALHO, 2001).
  • Com base nisso, Deal (1991) realizou um estudo com o objetivo de avaliar a influência do uso de capsaicina em pacientes com osteoartrite ou artrite. Onde 70 pacientes com osteoartrite e 31 com artrite reumatóide receberam capsaicina ou placebo por quatro semanas, e foram instruídos a aplicar o creme com capsaicina quatro vezes ao dia. O alívio da dor foi mais relatado em pacientes tratados com capsaicina, e após quatro semanas, a redução da dor em pacientes com artrite reumatóide foi de 57% e em pacientes com osteoartrite foi de 33%. De acordo com a evolução global, 80% dos pacientes tratados com capsaicina experimentaram uma redução de dor após duas semanas de tratamento.
O uso do tópico de capsaicina em pacientes com artrite reumatóide e osteoartrite, com doloroso envolvimento das mãos, também foi testado (NEGULESCO, 1999). O tratamento foi aplicado quatro vezes do dia, por quatro semanas. Neste estudo, houve diminuição da dor associada à osteoartrite, sugerindo que a capsaicina é potencialmente útil para o tratamento destes tipos de patologias reumáticas.

Herpes Zóster:
  • É uma doença que compromete as terminações nervosas da pele e se caracteriza por acompanhar, principalmente, as situações de imunodepressão. Na maioria dos pacientes, com o passar do tempo o herpes zóster termina sem deixar sequela ou sintoma (OLSZEWER, 2000). Em uma pequena parte da população, pode causar uma neuralgia pós-herpética por períodos prolongados, que limita a atividade física do paciente, e esta é a complicação mais comum do herpes zóster (JOHNSON; WHITTON, 2004).
Resultados preliminares de trabalhos utilizando capsaicina para tratamento de dor em pacientes com herpes zóster sugerem que a aplicação tópica pode prover uma abordagem útil para aliviar a neuralgia pós-herpética e outros sintomas caracterizados por dor severa localizada (BERNSTEIN, et al., 1987; JOHNSON; WHITTON, 2004).

Síndrome Pós-Mastectomia:
  • A síndrome pós-mastectomia ocorre entre 4% a 14% das mulheres submetidas a diversos procedimentos cirúrgicos de mama. A dor causada neste quadro clínico provavelmente se deva a um dano do nervo intercostal. Tal sintoma pode persistir e ser resistente a tratamentos distintos (DEAL, 1991).
No estudo de Watson (1992), doze pacientes com síndrome pós-mastectomia fizeram tratamento com capsaicina tópica e apresentaram melhora após quatro semanas de tratamento. Oito pacientes (57%) tiveram a resposta ao tratamento classificada como boa ou excelente. Em estudo posterior destes autores, treze pacientes que fizeram uso de capsaicina foram categorizadas como tendo boa a excelente resposta, com oito (62%) tendo 50% de melhora da dor.
  • Vinte e um pacientes com síndrome pós-mastectomia fizeram uso prolongado (três vezes ao dias, durante dois meses) de capsaicina tópica. Duas delas (10,5%) relataram o desaparecimento completo de todos os sintomas e onze (57,9%) tiveram redução da dor. Mesmo após o término do tratamento, estas pacientes continuaram a ter um bom alívio da dor (DINI, 1993).

Molécula de Capsicina
8-Methyl-N-vanillyl-trans-6-nonenamide

  • A capsaicina é um composto químico (8-metil-N-vanilil-trans-6-nonamida) e o componente ativo das pimentas conhecidas internacionalmente como pimentas chili, que são plantas que pertencem ao gênero Capsicum. É irritante para os mamíferos, incluindo os humanos, e produz uma sensação de queimadura em qualquer tecido que entre em conta(c)to. A capsaicina e diversos componentes correlatos são conhecidos como capsaicinoides e são produzidos como um metabólico secundário pelas pimentas chili, provavelmente como barreiras contra os herbívoros. A capsaicina pura é um composto hidrofóbico, incolor, inodoro, de cristalino a graxo.
Neuropatia Diabética Dolorosa:
  • A neuropatia diabética é uma condição nervosa dolorosa, que pode se desenvolver em caso de diabetes prolongada, ocorrendo alteração da sensibilidade na extremidade distal dos membros. A dor da neuropatia diabética pode ser freqüentemente controlada com o uso de analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes ou capsaicina tópica. Vários estudos sustentam que os cremes contendo capsaicina aliviam a dor causada por essa doença (TEWKSBURY; NABHAN, 2001).
Os principais sintomas da neuropatia diabética periférica são sensações de ardência, formigamento e dor nas extremidades inferiores, começando especialmente pelos pés. A dor pode ser muito intensa, algumas vezes é aliviada pelo andar, podendo piorar durante a noite. Eventualmente pode ocorrer perda da sensibilidade, fato que requer cuidado redobrado com lesões.
  • Um estudo multicêntrico foi conduzido para esclarecer a eficácia do uso tópico de capsaicina no alívio da dor associada com neuropatia diabética em 252 pacientes. O creme contendo tal substância foi aplicado nas áreas dolorosas quatro vezes por dia durante oito semanas. A análise final mostrou que 69,5% dos pacientes melhoraram a dor e 38,1% tiveram a intensidade da dor reduzida. Este estudo sugere que o uso tópico de capsaicina é seguro e efetivo no tratamento de neuropatia diabética (TEWKSBURY; NABHAN, 2001).
A capsaicina é potencialmente efetiva quando a dor ardente é o maior sintoma da neuropatia diabética dolorosa. Além disso, apresenta efeitos colaterais limitados e mínimos, devendo ser, portanto, indicada por clínicos para tratamentos desta doença (BASHA; WHITHOUSE, 1991).

Neuropatia pós-cirúrgica:
  • Algumas pessoas sobreviventes de câncer desenvolvem dores neuropáticas pós-cirúrgicas. Por este motivo, o uso do tópico de capsicina foi testado em pacientes com este tipo de dor. Os resultados mostraram reversão da dor após oito semanas de uso, causando um alívio nos pacientes (ELLISON, 1997).
Efeitos Sobre o Sistema Nervoso:
  • Os efeitos da capsaicina sobre o sistema nervoso não se limitam à sua ação analgésica. O uso da capsaicina esta sendo estudado para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como a doença de Huntington. Esta patologia é hereditária de caráter autossômico dominante, cuja prevalência é de 5 a 10 casos em 100.000 habitantes. As manifestações clínicas caracterizam-se por um quadro progressivo de movimentos anormais e involuntários. Pode apresentar-se de duas formas: juvenil ou tardia. A sobrevida média após o início das manifestações é de 15 a 20 anos (MATERSKA, et al., 2003).
Influência no Consumo Energético e na Perda de Peso:
  • A prevalência do excesso de peso tornou-se um problema sério em países em desenvolvimento como o Brasil. A estimativa em 2003 para a obesidade no mundo foi de 1,7 bilhões de pessoas. A Organização Mundial da Saúde apresentou, nesse mesmo ano, os principais riscos que afetam a saúde, ficando o excesso de peso em primeiro lugar, tanto em países desenvolvidos quanto países em desenvolvimento (NEGULESCO, 1999).
Egger (2000) revisou a efetividade de suplementos para perda de peso, e o resultado suporta o efeito de algumas substâncias como a capsaicina, a cafeína e fibras no emagrecimento.
  • Negulesco et al. (1999) estudaram o efeito com a diidrocapsaicina e mostraram que sua administração em animais em dieta hiperlipídica causou alteração no consumo de alimentos, no peso corporal e peso das fezes, além de causar alterações no perfil lipídico. Estudos posteriores mostraram que, mesmo após um ano do término do tratamento, os animais tratados com capsaicina mantiveram um baixo acúmulo de gordura corporal (EGGER, 2000).
No estudo de Tewksbury (2001) houve diminuição de apetite e subseqüente consumo de lipídios em mulheres e diminuição no consumo calórico em homens. Quando observados os efeitos da ingestão concomitante de pimenta e cafeína, houve redução do consumo e aumento do gasto calórico, indicando uma mudança considerável no balanço energético (TEWKSBURY; NABHAN, 2001).

Efeitos do Consumo de Pimentas Sobre o Trato Gastrintestinal:
  • Pessoas que sofrem de úlceras e outras patologias gástricas jamais se imaginariam comendo pimenta como parte do tratamento de seus problemas. A verdade, mesmo indo contra tudo o que já se ouviu falar sobre este assunto, é que os temperos fazem exatamente o oposto, eles protegem o estômago (ZAYACHKIVSKA, 2004).
Substâncias originadas de plantas tiveram suas bioatividades testadas (ação antioxidante, citoproteção, atividade antiúlcera, capacidade de cicatrizar lesões). Todas as plantas que foram testadas mostram gastroproteção, acompanhada do aumento da microcirculação gástrica (ZAYACHKIVSKA, 2004).
  • Zayachkivska (2004) sugere que o efeito da capsaicina da secreção ácida e do fluxo sanguíneo da mucosa é através da liberação de secretagogos gástricos endógenos que aumentam a perfusão tecidual e a atividade secretória da mucosa. A facilitação de eliminação ácida e do fluxo sanguíneo da mucosa pode contribuir para a ação protetora da capsaicina na mucosa gástrica (ZAYACHKIVSKA, 2004).
A capsaicina apresenta um efeito gastroprotetor contra lesão da mucosa gástrica experimental. Um dos mecanismos possíveis de proteção gástrica das pimentas e da capsaicina pode ocorrer devido a um aumento na produção de muco gástrico (DEAL, 1991).
  • Pesquisadores determinaram que a mucosa gástrica e duodenal contém áreas sensíveis que estão envolvidas em um mecanismo de defesa local contra formação de úlceras. A estimulação destas áreas com baixas concentrações de capsaicina tem mostrado proteger a mucosa contra diferentes agentes causadores de úlcera (DINI, 1993). Em contraste, concentrações muito altas parecem ter o efeito oposto (DINI, 1993).
Ação das Pimentas no Aparelho Respiratório e a Influência: 
Desta Quanto a Melhora de Dores de Cabeça
  • A rinite alérgica afeta a qualidade de vida de adultos e crianças tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. É uma doença crônica inflamatória, cujo controle das manifestações clínicas se dá através de medidas profiláticas e medicamentosas (SETTIPANE, 1999).
Estudos estão sendo realizados a fim de verificar a ação da capsaicina em pacientes com rinite. Resultados sugerem que o uso de spray dessa substância suspensa em solução reduz a obstrução e a secreção nasal (MARABINI, 1991).
  • Aplicações de capsaicina intranasalmente podem também ajudar a aliviar dor de cabeça. A severidade de tal patologia foi reduzida em grupos que usaram capsaicina intranasal (SETTIPANE, 1999). A eficácia de repetidas aplicações nasais de capsaicina em dor de cabeça é condizente com estudos prévios de efeitos terapêuticos da capsaicina em outras síndromes dolorosas (FUSCO, 1997).
Melhorando a Glicemia:
  • Além dos efeitos fisiológicos já descritos dos temperos, muito apresentam também um efeito hipoglicêmico e têm sido documentados efeitos antidiabéticos (ZAYACHKIVSKA, 2004). Em estudos realizados constatou-se que a capsaicina causa decréscimo no nível de glicose sanguínea aumentando o nível de insulina.
As Pimentas:
  • Uma das pimentas mais apreciadas pelos brasileiros, de picância e aroma suaves, é foco de pesquisa que está sendo realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP, em Piracicaba. Aplicação de radiação, com doses de 7,5 a 10 kGy (unidade de radiação), e armazenamento à temperatura de 25 graus Celsius (ºC) foram eficientes para conservar a polpa pura da pimenta ‘Dedo-de-Moça’.
Pimenta é o nome comum dado a várias plantas, seus frutos e condimentos deles obtidos, de sabor geralmente picante. Porém, este termo tem acepções diferentes nos vários países lusófonos.
  • No Brasil, o termo refere-se tanto às espécies de Capsicum como as de Piper e Pimenta. Já o termo pimento ou pimentão é utilizado para as variedades doces de Capsicum annum, também designadas como pimentas-doces. As variedades de Piper nigrum são designadas por pimenta-do reino. O termo malagueta ou pimenta-malagueta é usado para variedades de Capsicum frutescens.
  • Em Portugal, o termo não é comummente aplicado às plantas do gênero Capsicum, para o qual se usam usualmente os termos pimento, malagueta ou piripíri (o primeiro é mais usado para as variedades mais doces de Capsicum annuum e os restantes para as variedades picantes; o termo piripíri refere-se geralmente a Capsicum frutescens). O termo "pimenta" é aplicado sobretudo para os gêneros Piper e Pimenta e para condimentos obtidos a partir de Capsicum, como a pimenta-de-caiena.
  • Em Moçambique as variedades de Piper são chamadas pimenta-redonda; piripíri refere-se aos frutos pequenos de Capsicum frutescens, e malagueta às variedades de tamanho maior; em Angola, o termo preferido é jindungo.
Além das referidas acima, existem várias outras plantas que, embora não sejam usadas como especiarias, são também chamadas de pimentas.

Piper:
  • Pimenta-preta, Piper negrum, também pimenta-redonda ou pimenta-do-reino
  • Pimenta-de-são-tomé - Piper guineense
  • Pimenta-longa - Piper longum
Capsicum:
  • Capsicum annuum
  • Capsicum baccatum - variedades: pimenta-dedo-de-moça, pimenta-cumari, chifre-de-veado e cambuci. 
  • No Brasil também pimenta-calabresa.
  • Capsicum frutescens
  • Capsicum chinense
  • Capsicum pubescens
  • Pimenta-de-caiena - geralmente produzia a partir de C. frutescens
  • Pimenta-malagueta - variedade de C. frutescens, também chamada piripíri, jindungo ou malagueta
  • Pimenta-murupi - variedade de C. chinense cultivada no Brasil
  • Jalapeño - variedade de C. annuum
  • Pimenta-doce - pimentão, pimento, variedade de C. annuum
  • Savina-vermelha - variedade de C. chinense
  • Bhut Jolokia - provável híbrido de C. chinense e C. frutescens
  • Pimenta-da-jamaica - Pimenta dioica
Outros:
  • Pimenta síria - uma mistura de especiarias
  • Pimenta-da-áfrica - Xylopia aethiopica
  • Pimenta-de-macaco - Xylopia aromática
  • Aroeira - Schinus molle e Schinus terebinthifolius
  • Pimenta-do-japão - Zanthoxylum piperitum
  • Pimenta-de-sichuan - Zanthoxylum simulans e Zanthoxylum bungeanum
  • Pimenta-da-guiné - Aframomum melegueta
Capsaicina:
  • O composto químico capsaicina (8-metil-N-vanilil-trans-6-nonamida) é o componente ativo das pimentas conhecidas internacionalmente como pimentas chili, que são plantas que pertencem ao gênero Capsicum. É irritante para os mamíferos, incluindo os humanos, e produz uma sensação de queimação em qualquer tecido que entre em contato. A capsaicina e diversos componentes correlatos são conhecidos como capsaicinóides e são produzidos como um metabólico secundário pelas pimentas chili, provavelmente como barreiras contra os herbívoros. A capsaicina pura é um composto hidrofóbico, incolor, inodoro, de cristalino a graxo.
Características da substância:
  • A capsaicina está presente em grandes quantidades nas sementes e frutos carnosos das plantas do gênero Capsicum. Tais frutos evoluíram tipicamente para auxiliar na dispersão das sementes, atraindo animais que consomem as frutas e engolem as sementes, as quais passam pelo trato digestivo e são subsequentemente depositadas algures. Assim pode parecer paradoxal que uma planta gaste uma grande quantidade de recursos para produzir frutos grandes e suculentos e os preencha com um composto que age como uma forte barreira ao consumo.
As sementes das plantas Capsicum entretanto são predominantemente dispersadas por pássaros, nos quais a capsaicina age como analgésico ao invés de irritar. As sementes das pimentas chili passam através do trato digestivo dos pássaros sem sofrer danos, enquanto as consumidas por mamíferos não germinam de modo algum. A presença da capsaicina nos frutos portanto as protege de serem consumidas por mamíferos, os quais não proveriam qualquer benefício para a planta, enquanto permite que sejam consumidos por seus semeadores preferidos.
  • A Escala de Scoville, desenvolvida pelo farmacêutico Wilbur Scoville, é uma medida da ardência ou picância de uma pimenta, determinando a quantidade de capsaicina presente na mesma.
Uma pesquisa recém-concluída na Faculdade de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) comprovou que a pimenta diminui mesmo o risco de doenças cardiovasculares, maior causa de mortes no Brasil.

As pimentas são parte da riqueza cultural brasileira e um valioso patrimônio de nossa biodiversidade. São cultivadas em todo território nacional,